Toirão, Fueta, Papalva-fétida, Tourão-fétido, Furão-bravo, Doninha comum, Preto, Doninha da floresta, Furão europeu, Furão selvagem
O tourão ou toirão (nome científico Mustela putorius), também conhecido como fueta, papalva-fétida, tourão-fétido, furão-bravo, doninha comum, preto ou doninha da floresta, furão europeu, ou furão selvagem, é um mamífero carnívoro, noctívago, pertencente à família dos Mustelídeos. A espécie distribui-se por grande parte da Europa (inclusive Portugal), norte da África e Ásia ocidental.
No que toca à pelagem, geralmente, assume uma coloração castanho-escura e lustrosa, com cambiantes de pêlos mais claros nos flancos. A par de outras variedades de mustelídeos, dispõe de uma mancha (a chamada máscara ou mascarilha) castanho-escura à volta dos olhos, que contrasta com a mancha branca que lhe reveste o focinho, incluindo a orla das orelhas. A pelagem também altera consoante a estação do ano, escurecendo mais no Estio e clareando mais no Inverno. Por outro lado, outro factor que também influi na alternância de coloração da pelagem é a distribuição geográfica, pelo que os espécimes oriundos do Leste europeu costumam ter pêlo mais claro.
Quanto às mutações genéticas que interferem com a coloração da pelagem, vale assinalar que há casos registados de toirões albinos e eritristas (invulgarmente avermelhados).
As crias desta espécie, quando têm poucos dias de vida, encontram-se revestidas de uma pelagem cinzento-clara uniforme.
O toirão caracteriza-se pelo seu corpo esguio e alongado, de patas curtas, cauda comprida e felpuda, cabeça diminuta e afunilada, de orelhas curtas e semicirculares.
Dispõe de cinco dedos por pata, se bem que, ao deixar rasto, pode acontecer que só se fiquem a notar quatro dedos nas pegadas. Nas patas de trás, os dedos são mais compridos, encontrando-se parcialmente ligados por membranas interdigitais. As garras das patas de trás são ligeiramente recurvas e não-retrácteis. Por contraponto, as patas da frente têm dedos mais curtos, sem membrana interdigital e dispõem de garras com curvatura acentuada, capazes de se retrair parcialmente.
Há dimorfismo sexual patente, pelo que os machos costumam ser maiores e mais pesados do que as fêmeas:
Não é fácil encontrá-los na natureza, dada a sua capacidade para se ocultar entre moitas e no sotobosque. Contudo, podem identificar-se, mais facilmente, alguns vestígios que denunciam a sua presença, como sejam as pegadas, os sons e os excrementos.
Espalham-se por grande parte da Europa, salvo as regiões da Península Balcânica, a orla oriental do mar Adriático, ilhas do Mediterrâneo, a Irlanda, a Islândia e a Escandinávia Setentrional; pelo próximo Oriente e pelo Norte de África, especialmente junto à orla Mediterrânica.
Espécie versátil e generalista, o toirão é capaz de ocupar um vasto rol de habitats possíveis, dentre as quais se contam zonas ribeirinhas, courelas agricultadas, pradarias e bosques.
No entanto, é pertinente assinalar que, ao longo do ano, o toirão vai alternando de habitat, optando pelos biomas de bosque no Verão e no Outono; pelos biomas ripícolas no Inverno e na Primavera; e pelos biomas de pradaria nas estações do Inverno e do Verão.
As tocas dos toirões tanto podem ser escavadas pelos próprios, como podem ser reaproveitadas a partir de luras de coelhos, golpelheiras de raposas ou madrigueiras de texugos, entre outros animais, como ainda podem ser aproveitadas a partir de acidentes naturais, como cunhas e brechas entre rochedos.
Trata-se de uma espécie mormente noctívaga, se bem que é no período crepuscular que se verificam os seus momentos de maior actividade, pelo que as deslocações diurnas são infrequentes. Com efeito, pode chegar a movimentar-se até sete quilómetros e meio por noite. Não é um animal gregário, antes exibindo um temperamento territorial, arisco e solitário.
A época de acasalamento e o Verão são períodos de actividade mais atípica, porquanto, no primeiro caso, costumam mostrar comportamentos mais gregários, tendo em vista a procura de parceiro; e, no segundo caso, ocupam mais do seu tempo durante o período do dia, em busca de alimento para as crias.
Se se sentir ameaçado ou se pretender marcar o seu território, projecta um esguicho fétido através das glândulas anais, que deixa um almíscar pregnante. Daqui advêm os nomes comuns fueta e papalva-fétida.
Trata-se de uma espécie carnívora versátil e generalista, de modo que a sua dieta varia consoante a estação do ano e dos alimentos disponíveis na área geográfica. Se chegar a haver alguma especialização dietética para um determinado toirão, esta basear-se-á necessariamente nesses dois factores sazonais e espaciais. Com efeito, mercê dos seus ímpetos depredatórios oportunistas, o toirão, se puder e enquanto puder, costuma acumular grandes quantidades de presas, especialmente anfíbios, as quais arrecada, para posterior consumo, na toca. Costuma mordê-las na base do crânio, de modo a que não morram imediatamente, ficando apenas paralisadas, conseguindo, destarte, mantê-las frescas por alargados períodos de tempo.
A nutrição dos toirões assenta mormente em anfíbios, lagomorfos e pequenos roedores, podendo, também, abarcar pequenas aves passeriformes, invertebrados, peixes de rio e répteis. A porção vegetal da sua dieta, a existir, é muito residual.
Desempenha um papel importante no equilíbrio dos ecossistemas, ao ser um dos predadores principais dos roedores.
Os toirões alcançam a maturidade sexual aos dez meses. São animais polígamos, pelo que os machos procuram procriar com todas as fêmeas férteis receptivas com que se conseguirem encontrar, durante a época do cio. Por sinal, o cio e a época de acasalamento transcorrem de Março a Maio.
Por sua vez, a gestação demora 6 semanas, dando lugar a ninhadas anuais de 3 a 7 crias, normalmente por ocasião do fim da Primavera. A amamentação dura cerca de um mês, pelo que, aos dois ou três meses de vida, as crias já ganham alguma independência.
Na eventualidade de uma ninhada ser abortada ou de não sobreviver durante os primeiros meses de vida, se a época de acasalamento ainda não tiver terminado, as fêmeas conseguem voltar a dar à luz, ainda naquele ano.
Além de predador, o toirão também assume o papel de presa, sujeitando-se à depredação de espécies como o lobo (Canis lupus), a raposa-vermelha (Vulpes vulpes), o bufo-real (Bubo bubo), o gato-bravo (Felis silvestris) ou mesmo o cão.