Laevistrombus canarium
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Laevistrombus canarium

Laevistrombus canarium (frequentemente referido pelo seu sinónimo mais conhecido, Strombus canarium ou pelo nome comum dog conch, em inglês) é uma espécie de caramujo marinho comestível, um molusco gastrópode da família Strombidae. Conhecido de ilustrações em livros que datam do final do século XVII, L. canarium é uma espécie do Indo-Pacífico que ocorre da Índia e do Sri Lanka até à Melanésia, Austrália e sul do Japão. A concha de indivíduos adultos é colorida de castanho amarelado claro a dourado ou acinzentado. Possui uma característica volta do corpo inflada, um lábio externo grande e espesso com um entalhe estreito e raso. A concha é valorizada como um ornamento e, por ser pesada e compacta, também é usada com frequência como um afundador para redes de pesca.

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A anatomia das partes moles desta espécie é semelhante à de outros caramujos da mesma família. O animal tem um focinho alongado, pedúnculos oculares (omatóforos) delgados com olhos bem desenvolvidos e tentáculos sensoriais, e um pé estreito e forte com um opérculo em forma de foice. Uma análise molecular conduzida em 2006 com base em sequências de DNA de histonas e genes mitocondriais demonstrou que Laevistrombus canarium, Doxander vittatus e Labiostrombus epidromis são espécies próximas do ponto de vista evolutivo. Laevistromus canarium exibe comportamentos comuns entre os Strombidae, incluindo hábito escavador e uma forma característica de locomoção. O primeiro comportamento, no entanto, envolve sequências de movimento exclusivas para essa espécie.

Este caramujo vive em fundos lamacentos e arenosos, alimentando-se de algas e detritos. É gonocórico e sexualmente dimórfico, dependendo da fertilização interna para a desova. As larvas desta espécie passam vários dias como plâncton, sofrendo uma série de transformações até atingirem a completa metamorfose. O tempo de vida máximo é de 2,0 a 2,5 anos. Predadores deste caramujo incluem gastrópodes carnívoros, como as volutas. É também presa para vertebrados, incluindo macacos, e também seres humanos, que consomem as partes moles em uma grande variedade de pratos.

Laevistrombus canarium é uma espécie economicamente importante no Pacífico Indo-Ocidental, e vários estudos indicam que ela pode estar sofrendo declínios populacionais devido à doenças, sobrepesca e superexploração. Malacologistas e ecologistas recomendaram uma redução em sua taxa de exploração. Iniciativas na Tailândia estão tentando garantir a possibilidade de reprodução em indivíduos jovens adultos e gerenciar as populações naturais em geral. L. canarium demonstra o fenômeno imposex, mas é resistente à esterilidade causada por ele. Portanto, esta espécie pode ser útil como um bioindicador para monitoramento da poluição organoestânica perto dos portos da Malásia.

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Aparência

Laevistrombus canarium tem uma concha proporcionalmente pesada com um contorno arredondado. O comprimento da concha dos espécimes adultos é de 29 mm (1,1 pol.) a 71 mm (2,8 pol.). A superfície externa da concha é quase completamente lisa, exceto por linhas espirais pouco visíveis e varizes ocasionais na espira. Ao contrário das espécies do gênero Strombus, o entalhe estromboide no lábio externo é discreto. Quando uma concha dextrógira adulta normal desta espécie é vista ventralmente (vista apertural, com a extremidade anterior apontando para baixo), o entalhe estromboide pode ser observado à direita do canal sifonal como uma reentrância anterior secundária rasa no lábio externo. O canal sifonal em si é reto, curto e amplo; a columela é lisa, sem dobras. Espécimes adultos têm um lábio externo moderadamente alargado, que é consideravelmente espesso e completamente desprovido de espinhos ou plicas marginais. A volta do corpo é inflada no ombro, com alguns sulcos espirais anteriores. A concha tem uma espira em forma de cone, média a alta, com pelo menos cinco voltas delicadamente sulcadas. A cor da concha é variável, de amarelo dourado ao castanho amarelado claro ao cinzento. A parte inferior da concha raramente é escura; mais freqüentemente é mais pálida que o dorso, ou totalmente branca. Em todos os casos, a abertura da concha em si é sempre branca. Os espécimes maduros ocasionalmente apresentam um brilho metálico cinza ou dourado na margem do lábio externo e do calo. Uma rede em ziguezague de linhas mais escuras eventualmente encontra-se presente do lado externo da concha. O perióstraco, uma camada proteica (conchiolina) correspondente à parte mais externa da superfície da concha, é marrom-amarelado. É geralmente espesso, reticulado (em forma de rede) e fimbriado (com franjas) acima da sutura. O opérculo córneo é marrom-escuro, e sua forma é bastante típica da família Strombidae: como a lâmina de uma foice, ligeiramente curvo, com sete ou oito serrilhas laterais fracas.

Distribuição

Geografia

Laevistrombus canarium é nativo das águas costeiras da região do Indo-Pacífico. Sua distribuição mais ocidental é a Índia, incluindo Andhra Pradexe, Tamil Nadu (Golfo de Mannar, Tuticorin, Rameswaram) e as Ilhas Andamão. Ocorre no Sri Lanka (Província Oriental, Trincomalee), Tailândia, Bornéu (Brunei, Sabah), Indonésia (Molucas, Saparua) e Filipinas (Ilha de Cebu, Polillo, Palawan). Também é encontrada mais a leste na Melanésia, incluindo a Baía Yos Sudarso na Nova Guiné, Papua Nova Guiné, Malaita e Guadalcanal nas Ilhas Salomão, Nova Caledônia, Ilha Kioa em Fiji e Novas Hébridas. A espécie é conhecida por ocorrer em Queensland, na Austrália, e no norte para o Vietnã, Taiwan e sul do Japão. Informações detalhadas estão disponíveis sobre a sua distribuição na área dos Estreitos de Johor e algumas outras partes da Malásia, onde foi relatado a partir dos bancos de areia de Tanjung Adang, Merambong, além de Tanjung Bin, Tanjung Surat e Pasir Gogok nos Estreitos de Johor; em Pulau Tinggi, Pulau Besar e Pulau Sibu, no Porto de Dickson, em Teluk Kemang no leste de Johor, e em Negeri Sembilan, Pulau Pangkor, Pulau Langkawi, Cabo Rachado e Kilat no oeste dos Estreitos de Johor.

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Esta espécie vive em fundos de areia lamacenta entre algas e bancos de erva marinhas em margens insulares e continentais. Normalmente, prefere ilhas principais e costas continentais às margens de pequenas ilhas, embora isso não seja uma regra absoluta. Laevitrombus canarium prefere áreas de ervas marinhas mistas (com predominância de Halophila), e também prefere sedimentos com altos níveis de matéria orgânica. Este caramujo evita ambientes com alta densidade de Enhalus acoroides, uma erva marinha nativa de grande tamanho encontrada nas águas costeiras do Indo-Pacífico. L. canarium pode ser encontrado em zonas litorâneas e sublitorais, desde águas rasas até uma profundidade de 55 m (180 pés). É normalmente encontrado em grandes colônias, e é geralmente abundante onde quer que ocorra.

Os gastrópodes estrombídeos foram amplamente tidos como carnívoros por diversos autores no século XIX, conceito que perdurou até à primeira metade do século XX. A ideia originou-se nos escritos de Jean-Baptiste Lamarck, que agrupou os Strombidae com outros caramujos supostamente carnívoros, e foi reiterada por autores posteriores, ainda que sem o apoio de evidências empíricas. Estudos subseqüentes refutaram o conceito equivocado, provando sem dúvida que esses gastrópodes são animais herbívoros. Em comum com outros membros de sua família, Laevistrombus canarium é conhecido por ser um animal herbívoro, alimentando-se de algas e ocasionalmente de detrito orgânico.

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Laevistrombus canarium Mapa do habitat
Laevistrombus canarium Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

Comparado a outros gastrópodes, Laevistrombus canarium tem um meio incomum de locomoção que é encontrado apenas entre os Strombidae. Esta série curiosa de manobras foi originalmente descrita pelo zoólogo americano George Howard Parker em 1922. O animal inicialmente fixa a extremidade posterior do pé empurrando a ponta do seu opérculo em forma de foice contra o substrato. Em seguida, ele estende o pé para frente, levantando a concha e jogando-a à frente em um movimento que foi denominado como "saltador".

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O comportamento de escavação, em que um indivíduo se afunda inteiramente (ou parcialmente) no substrato, é frequente entre gastrópodes da família Strombidae. O comportamento de escavação de L. canarium consiste em uma série de movimentos característicos da espécie. Existem três movimentos consecutivos: o primeiro é a sondagem, onde o animal empurra a porção anterior do pé para o substrato para ganhar força; o seguinte é denominado "pá", onde o animal empurra o substrato com seu focinho longo e extensível. A retração é o movimento final, onde ele move a concha ao longo de um eixo antero-posterior para assentar o substrato ao seu redor. Uma vez enterrada, a parte dorsal da concha geralmente permanece visível (embora a superfície ventral e as partes moles do animal estejam ocultas sob o substrato).

A resposta de fuga nos gastrópodes - a percepção de estímulos (por exemplo, a presença de um predador próximo) e um movimento de escape subseqüente - é um alvo freqüente de estudos comportamentais. Em gastrópodes, a percepção de estímulos químicos ambientais originados, por exemplo, de alimentos ou outros organismos é possivelmente mediada por órgãos sensoriais como o osfrádio. No caso de L. canarium, a percepção de um predador pode ocorrer através da quimiorrecepção ou visão (um sentido bem desenvolvido em gastrópodes da família Strombidae). A presença de um predador pode alterar significativamente o padrão de movimento de L. canarium, induzindo um aumento na freqüência de saltos.

Laevistrombus canarium é uma espécie gonocórica, o que significa que cada animal individual é distintamente macho ou fêmea. Sua época de reprodução começa no final de novembro e continua até ao início de março. Após a fertilização interna, a fêmea produz e gera uma estrutura tubular longa e gelatinosa contendo múltiplos ovos. Essa estrutura então se enrola e compacta, formando uma massa branca. Cada massa de ovos pode conter de 50 a 70 mil ovos; as fêmeas geralmente as colocam em ervas marinhas, onde permanecem grudadas. Em cerca de 110-130 horas, o embrião de L. canarium cresce de uma única célula para uma larva velígera (uma forma larvar comum a moluscos gastrópodes e moluscos bivalves de água doce e marinhos) e depois eclode. O processo de incubação leva de 12 a 15 horas. Após a eclosão, as larvas podem ser classificadas em quatro etapas de desenvolvimento distintas ao longo de suas curtas vidas planctônicas (com base em características morfológicas, entre outras). Normalmente, as larvas com até três dias de idade são larvas velígeras de estágio I; Larvas com 4 a 8 dias de idade estão no estágio II; Larvas de 9 a 16 dias de idade estão no estágio III e larvas de 17 dias até à metamorfose estão no estágio IV. As larvas de L. canarium desenvolvem-se mais rapidamente em comparação com outras espécies da mesma família, incluindo o Preguari (Strombus pugilis) e Lobatus costatus. O desenvolvimento das larvas pode ser altamente influenciado por condições ambientais, como a temperatura, a qualidade e a disponibilidade de alimentos. A metamorfose em L. canarium pode ser reconhecida pela perda dos lóbulos velares larvares e pelo desenvolvimento do típico movimento de saltos das conchas verdadeiras juvenis.

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Dieta e nutrição

População

Referências

1. Laevistrombus canarium artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Laevistrombus_canarium

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