Turdus philomelos

Turdus philomelos

Tordo-comum, Tordo-músico, Tordo-pinto

Reino
Filo
Classe
Família
Género
Espécies
Turdus philomelos
Tamanho da população
75-120 Mlnlnn
Vida útil
3-10 years
Peso
50-107
1.8-3.8
goz
g oz 
Comprimento
20-24
7.9-9.4
cminch
cm inch 
Envergadura
34
13
cminch
cm inch 

O tordo-comum, tordo-músico ou tordo-pinto (nome científico: Turdus philomelos) é uma ave pertencente ao género Turdus. Ocorre naturalmente na Europa, Norte de África, Médio Oriente e Sibéria, e foi introduzida na Austrália e Nova Zelândia durante a segunda metade do século XIX. Dependendo da latitude, pode ser residente, migratória ou parcialmente migratória, possuindo três subespécies geralmente aceites.

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O tordo-comum é omnívoro, consumindo uma grande variedade de invertebrados, bagas e drupas, tendo o hábito de usar uma pedra como uma bigorna para partir a casca dos caracóis. Ambos os sexos possuem a parte superior da cabeça e do corpo castanha, contrastando com a parte inferior do corpo de cor creme ou couro com malhas negras. Os machos possuem um vasto repertório de vocalizações, que incluem distintivas frases musicais repetidas. Esta espécie nidifica em florestas, jardins e parques, construindo ninhos em forma de taça com ervas e lama em árvores e arbustos.

Apesar de se encontrar em declínio na Europa, possui uma grande área de distribuição geográfica e uma grande população global, pelo que não se considera que se encontre globalmente ameaçada. Existem numerosas referências literárias e culturais ao tordo-comum, frequentemente relacionadas com o canto melodioso dos machos.

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Aparência

A subespécie nominal T. p. philomelos tem 20–23 cm de comprimento, uma envergadura de 33-36 cm e um peso de 50-107 g. Ambos os sexos são similares, com a parte superior da cabeça e do corpo castanha, contrastando com a parte inferior do corpo de cor creme ou couro com malhas negras, mais pálida na barriga. A parte inferior das asas é amarela, o bico é amarelado e as patas são cor-de-rosa. O tom das partes inferiores vai ficando progressivamente mais pálido de ocidente para oriente ao longo da sua área de reprodução, da Suécia à Sibéria. Os juvenis são semelhantes aos adultos, mas possuem listas cor-de-laranja ou couro nas costas e coberteiras nas asas. A subespécie T. p. hebridensis é a mais escura das subespécies, com a parte superior do corpo castanha-escura, uropígio acinzentado, partes inferiores cor de couro com malhas negras e flancos acinzentados. A subespécie T. p. clarkei exibe um tom de castanho mais vivo que a subespécie nominal na parte superior do corpo, uropígio tingido de verde-azeitona e partes inferiores amarelas com malhas negras.

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Na Europa, a espécie de tordo mais similar ao tordo-comum é o tordo-ruivo (Turdus iliacus), mas essa espécie possui uma lista supraciliar branca, flancos vermelhos e a parte inferior das asas vermelha, enquanto a tordoveia (Turdus viscivorus) é bastante maior e possui os cantos da cauda brancos. Já o Turdus mupinensis da Ásia, embora muito similar em termos de plumagem, tem marcas negras na cara e vive fora da sua área de distribuição geográfica.

O tordo-comum possui várias vocalizações, incluindo um curto e agudo tsip, substituído durante a migração por um ténue e alto seep, semelhante ao chamado do tordo-ruivo mas mais curto, e um chook-chook de alarme, que se torna progressivamente mais curto e estridente com o aumento do perigo. O canto do macho consiste numa sonora sequência de frases musicais repetidas duas a quatro vezes, filip filip filip codidio codidio quitquiquit tittit tittit tereret tereret tereret, intercalada com notas dissonantes e imitações de vocalizações de outras espécies de aves. É dado a partir de árvores, telhados ou outros poleiros elevados, a qualquer hora do dia, normalmente entre fevereiro e junho para a subespécie T. p. hebridensis, e entre novembro e julho para as restantes subespécies. Cada macho pode ter um repertório de mais de 100 frases, muitas das quais copiadas dos seus progenitores e de aves vizinhas. As suas imitações podem incluir o som de objetos feitos pelo homem como telefones, e vocalizações de aves exóticas em cativeiro, como a marreca-piadeira (Dendrocygna viduata). Relativamente ao seu peso, o tordo-comum possui das vocalizações mais barulhentas de entre as aves.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

Tipicamente, o tordo-comum nidifica em florestas com bastante vegetação rasteira e zonas abertas próximas, e na Europa Ocidental usa também jardins e parques. Reproduz-se até à linha das árvores, podendo ser encontrado até aos 2 200 m na Suíça. A subespécie T. p. hebridensis nidifica em terreno mais aberto, incluindo charnecas, e a subespécie nominal está restrita ao limite das densas florestas de coníferas a oriente da sua área de distribuição geográfica. Em áreas intensamente cultivadas onde as práticas agrícolas parecem ter tornado o terreno inadequado para o efeito, os jardins são um importante local de nidificação. Em um estudo inglês, apenas 3,5% dos ninhos foram encontrados em terrenos agrícolas enquanto 71,5% foram encontrados em jardins, apesar destes últimos corresponderem a apenas 2% da área total. Os restantes 25% dos ninhos foram encontrados em zonas florestais (correspondentes a 1% da área total).

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O habitat de inverno é similar ao usado para a nidificação, embora as terras altas e outros locais expostos sejam evitados; no entanto, a subespécie T. p. hebridensis frequenta a costa durante o inverno.

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Turdus philomelos Mapa do habitat
Turdus philomelos Mapa do habitat
Turdus philomelos
Public Domain Dedication (CC0)

Hábitos e estilo de vida

O tordo-comum nidifica desde a Europa Ocidental (exceto na maioria da Península Ibérica e no sul da Itália e da Grécia) até à Sibéria, quase até ao lago Baikal, atingindo a latitude 75º N na Noruega mas apenas 60° N na Sibéria, e foi introduzido na Austrália e Nova Zelândia. As aves da Escandinávia, Europa Oriental e Rússia invernam mais a sul, ao redor do Mediterrâneo, no Norte de África e no Médio Oriente, mas apenas algumas das aves da zona mais temperada a ocidente da zona de distribuição geográfica abandonam as suas zonas de nidificação. Ao contrário dos mais nómadas tordo-zornal (Turdus pilaris) e tordo-ruivo (Turdus iliacus), o tordo-comum tende a regressar regularmente aos mesmos locais para invernar.

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Normalmente esta espécie não é gregária, mas várias aves podem repousar em conjunto durante o inverno ou associar-se livremente em grupos dispersos em locais de alimentação apropriados, por vezes com outros turdídeos como o melro-preto (Turdus merula), o tordo-zornal (Turdus pilaris), o tordo-ruivo (Turdus iliacus) e o Turdus ruficollis.

Durante a migração viaja sobretudo de noite e em bandos soltos, com um voo forte e direto, emitindo frequentemente chamados para manter o contacto. O tordo-comum é uma ave migratória que se movimenta numa frente larga, o que significa que as rotas de migração das aves não afunilam nas zonas de travessia mais curta do mar, como os estreitos de Gibraltar e do Bósforo, mas cruzam todo o Mediterrâneo. A migração pode começar a partir de agosto nas zonas mais setentrionais e orientais da sua zona de nidificação, mas a maioria das aves, com distâncias menores a percorrer, ruma a sul entre setembro e meados de dezembro. No entanto, condições atmosféricas adversas podem forçar movimentações adicionais. O regresso às zonas de nidificação varia entre meados de fevereiro (ao redor do Mediterrâneo) e maio (norte da Suécia e Sibéria central).

Como seria de esperar para uma espécie migratória tão amplamente distribuída, já foi observada fora da sua área de distribuição habitual na Eurásia, como na Gronelândia, em várias ilhas atlânticas e na África Ocidental.

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Comportamento sazonal
Canto do pássaro

Dieta e nutrição

O tordo-comum é omnívoro, consumindo uma grande variedade de invertebrados, especialmente minhocas e caracóis, assim como bagas e drupas. Tal como o seu parente, o melro-preto (Turdus merula), caça principalmente com a visão, corre aos trancos e barrancos enquanto caça em terreno aberto, e revira folhas em decomposição de forma barulhenta e demonstrativa em busca de alimento. Os caracóis são particularmente importantes quando a seca ou condições atmosféricas adversas tornam outros tipos de alimento difíceis de encontrar. O tordo-comum usa frequentemente pedras como uma bigorna para partir a casca dos caracóis antes de extrair o seu corpo mole e invariavelmente esfregá-lo no chão antes do consumir. Aves jovens inicialmente agitam objetos e brincam com eles até aprenderem a usar pedras como instrumentos para partir a casca dos caracóis.

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A espécie de caracol Cepaea nemoralis é regularmente consumida pelo tordo-comum, e foi sugerido que os padrões polimórficos da sua casca são uma resposta evolutiva para reduzir a predação por parte desta espécie; no entanto, o tordo-comum pode não ter sido a única força de seleção envolvida.

Tal como outros melros e tordos, esta espécie regurgita pequenas bolas contendo as sementes após a partes moles terem sido digeridas.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

O tordo-comum é uma espécie territorial monogâmica, e nas áreas em que é migratório os machos reestabelecem o seu território nos locais de nidificação logo que regressam. Em zonas mais temperadas algumas aves são residentes, com os machos a permanecer no seu território durante o inverno, cantando intermitentemente, enquanto as fêmeas podem estabelecer um território separado até à formação dos pares no início da primavera. A parada nupcial incluí o canto e algumas exibições de corte por parte do macho, que se aproxima da fêmea com a cauda aberta e achatada no chão, e a cabeça inclinada para trás com o bico aberto.

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A fêmea constrói sozinha o ninho em forma de taça com lama e ervas secas, geralmente forrado com radículas e erva coladas com saliva, num arbusto, árvore, trepadeira ou, no caso da subespécie T. p. hebridensis, no chão. O macho canta por perto enquanto a fêmea constrói o ninho, mas não participa na construção. Cada postura possui habitualmente quatro ou cinco ovos brilhantes de cor azul, salpicados com pequenas manchas negras ou roxas. Os ovos têm um tamanho médio de 2,7 x 2,0 cm e um peso médio de 6,0 g, dos quais 6% correspondem à casca. A incubação é feita unicamente pela fêmea e dura geralmente de 10 a 17 dias. As crias recém-eclodidas são altriciais, necessitando de 12 a 15 dias (em média 14,0) para abandonar o ninho, com ambos os progenitores a participar na sua alimentação. As crias são sobretudo alimentadas com minhocas, lesmas, caracóis e larvas de insetos, embora fruta também possa fazer parte da dieta, sobretudo quando tempo seco limita a disponibilidade de minhocas.

As crias não sabem voar quando abandonam o ninho, rastejando/saltando para fora deste e batendo as asas até chegar ao solo, e procurando cobertura na vegetação próxima. Se o ninho for perturbado, podem abandoná-lo nove dias apenas após a eclosão, uma importante adaptação contra eventuais predadores. Os progenitores continuam a alimentar e a proteger os juvenis durante mais duas ou três semanas após estes abandonarem o ninho. Se a fêmea começar a construir outro ninho, o macho alimentará os juvenis sozinho. Durante esse período eles aprendem a escolher os seus alimentos, e uma semana após abandonarem o ninho já são capazes de voar. Ao fim de três semanas os juvenis são independentes, atingindo o estado adulto ao fim de ano de vida.

A época de nidificação é longa, estendendo-se de março a agosto, normalmente com duas ou três ninhadas num ano, apesar de apenas uma poder ser criada no norte da zona de distribuição geográfica. O mesmo ninho pode ser utilizado para várias ninhadas. A perda de ovos durante a incubação e a taxa de mortalidade entre as crias são consideráveis, pelo que apenas são produzidos juvenis em um terço das ninhadas. A taxa de sobrevivência entre os juvenis é de 46,3% durante o primeiro ano de vida e de 56,3% para os adultos. Embora haja registos de indivíduos com mais de 13 anos de idade, a esperança média de vida de um tordo-comum adulto é de 3 anos.

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População

Ameaças à população

Na União Europeia, a caça ao tordo-comum é regulamentada pela Diretiva 79/409/CEE do Conselho, de 2 de abril de 1979, relativa à conservação das aves selvagens, sendo permitida em diversos países incluindo a França, a Espanha e Portugal. Em França, o Office National de la Chasse et de la Faune Sauvage (Gabinete Oficial da Caça e da Fauna Selvagem) estima que entre 1998 e 1999 tenham sido abatidas cerca de 4 538 000 tordos de todas as espécies em todo o país. O tordo-comum pode ser caçado a tiro ou capturado vivo com uma varinha enviscada (pequeno ramo revestido com cola) para servir de chamariz. Este último método, utilizado nos departamentos dos Alpes da Alta Provença, Alpes Marítimos, Bocas do Ródano, Var e Vaucluse, é regulamentado por decreto ministerial e sujeito a autorização por parte da prefeitura. Na Espanha, esta espécie é normalmente capturada durante a migração, frequentemente usando um método conhecido localmente como parany, que consiste numa teia de galhos revestidos com cola montada numa árvore, para a qual as aves são atraídas usando chamarizes. Em 9 de dezembro de 2004, o Tribunal de Justiça da União Europeia condenou o estado espanhol por permitir a caça aos tordos com parany na Comunidade Valenciana, por considerar que esse método de captura não é seletivo e pode causar o desaparecimento local de alguma espécie de ave, e que como tal desrespeita os artigos 8(1) e 9(1)a da Diretiva 79/409/CEE do Conselho. Em Portugal, entre 2009 e 2011 terá sido a espécie cinegética mais caçada, com mais de dois milhões de aves abatidas, segundo dados da Autoridade Florestal Nacional. Esta ave é uma das espécies que mais receitas geram em Portugal, atraindo 105 000 caçadores, incluindo estrangeiros, sendo que 75% dos caçadores portugueses praticam a sua caça. Em 2010, a Federação Portuguesa de Caçadores anunciou que iria iniciar um estudo tendente a descobrir a causa do desaparecimento desta ave em Portugal. Após serem caçados, cada ave é vendida nos restaurantes a valores entre 2,5 e 3,5 €. Ainda assim, acredita-se que a caça não tenha sido um fator importante no declínio desta espécie em algumas partes da sua zona de distribuição geográfica.

Referências

1. Turdus philomelos artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Turdus_philomelos
2. Turdus philomelosno site da Lista Vermelha da IUCN - https://www.iucnredlist.org/species/22708822/132076619
3. Canto do pássaro - https://xeno-canto.org/707439

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