Trachylepis atlantica
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Trachylepis atlantica

Trachylepis atlantica é uma espécie de lagarto da família Scincidae, notável endemismo do arquipélago de Fernando de Noronha, na costa nordeste do Brasil. O animal é coberto de manchas claras e escuras na parte superior de seu corpo e apresenta, em média, de 7 a 10 cm de comprimento. Sua cauda é comprida e musculosa, mas se rompe com facilidade. É muito comum em todas as ilhas de Fernando de Noronha, e alimenta-se tanto de insetos quanto de vegetais, inclusive do néctar da Erythrina velutina. Além disso, consome desde farelos de biscoitos até ovos de sua própria espécie. Espécies introduzidas, como os gatos, são predadores do lagarto, além de vários vermes parasitas que podem infectá-lo.

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É provável que tenha sido visto por Américo Vespúcio, em 1503; entretanto, somente em 1839 foi descrito formalmente pela primeira vez. Sua história taxonômica subsequente tem sido complexa, confusões com o Trachylepis maculata e com outras espécies, homônimos e outros problemas. A espécie é classificada no gênero Trachylepis, predominantemente africano, e acredita-se que tenha chegado à ilha através de vegetação flutuante provenientes da África. O enigmático Trachylepis tschudii, supostamente do Peru, pode tratar-se dessa mesma espécie.

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Aparência

O Trachylepis atlantica é coberto por manchas claras e escuras, havendo variações substanciais das cores. Ele não apresenta listras longitudinais. As escamas da parte de baixo são amareladas ou acinzentadas. As pálpebras vão do branco ao amarelo. Possui uma cabeça pequena com narinas reduzidas, localizadas nas laterais da cabeça. A boca contém dentes pequenos e cônicos e uma língua fina e bem-desenvolvida. Seus olhos são pequenos e se posicionam lateralmente, apresentando íris redondas e escuras. O lagarto também possui de três a cinco lóbulos auriculares (pequenas projeções) na frente dos ouvidos; esses lóbulos são ausentes no gênero Mabuya. As patas traseiras são mais compridas e fortes do que as dianteiras, que são pequenas. A cauda é mais longa do que o corpo e é muscular, porém muito frágil. Seu corpo é praticamente cilíndrico na forma e afina-se em direção à extremidade da cauda.

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Em répteis, as características das escamas são importantes na distinção entre espécies e entre grupos de espécies. No lagarto de Fernando de Noronha, as escamas supranasais (localizadas sobre o nariz) estão em contato, como as pré-frontais (entre as narinas) na maioria dos indivíduos. As duas escamas fronto-parietais (sobre os olhos e levemente entre eles) não são fundidas. Diferente do T. maculata, as escamas parietais (entre as fronto-parietais) estão em contato umas com as outras. Há quatro escamas supraoculares (sobre os olhos) em quase todos os espécimes e cinco supraciliares (imediatamente acima dos olhos, abaixo das supraoculares). As escamas dorsais (nas partes superiores) têm três quilhas, duas a menos do que no T. maculata. Apresenta de 34 a 40 (moda: 38) escamas na região mediana do corpo (contadas ao redor do meio do corpo entre as patas traseiras e dianteiras), de 58 a 69 (moda: 63-64) dorsais e de 66 a 78 (moda: 70) ventrais (nas partes inferiores). As espécies do gênero Mabuya e o T. maculata, geralmente, apresentam menor número de escamas na região mediana (acima de 34). Há de 21 a 29 lamelas subdigitais sob o quarto dedo, mais do que o T. maculata, que apresenta 18. O lagarto de Noronha possui 26 vértebras pré-sacrais (localizadas antes do sacro), similar à maioria dos Trachylepis, mas diferente dos Mabuya americanos, que têm, no mínimo, 28.

Embora haja uma variação substancial das medidas nas espécies, nenhum grupo específico pôde ser detectado e não é possível separar os sexos inequivocamente usando apenas as medidas. Em 15 machos e 21 fêmeas T. atlantica coletados em 2006, da ponta do nariz até o ânus, o comprimento variou entre 80,6 e 103,1 mm, com média de 95,3 mm, nos machos, e, nas fêmeas, foi de 65,3 a 88,1 mm, e média de 78,3 mm. A massa corporal foi de 10,2 a 26,0 g, com média de 19,0 g, nos machos, e de 6,0 a 15,0 g, com média de 10,0 g, nas fêmeas. Os machos são significativamente maiores do que as fêmeas. Em 100 espécimes coletados em 1876, o comprimento da cabeça variou de 12,0 a 18,9 mm, uma média de 14,8 mm; a largura ficou entre 7 e 14,4 mm, e média de 9 mm. O comprimento da cauda foi de 93 a 170 mm, com média de 117 mm.

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Distribuição

Geografia

Continentes
Países
Reinos biogeográficos
Trachylepis atlantica Mapa do habitat
Trachylepis atlantica Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

O lagarto pode ser encontrado em abundância por todo o arquipélago de Fernando de Noronha, aparecendo, também, nas casas dos moradores e nas ilhas menores que cercam a ilha principal do arquipélago. Sua abundância pode ser resultado da ausência de competidores ecologicamente semelhantes. Além do T. atlantica, os répteis da fauna de Fernando de Noronha consistem em uma população nativa da espécie de cobras-cegas Amphisbaena ridleyi e em duas outras espécies de lagarto introduzidas: a lagartixa Hemidactylus mabouia e o lagarto Tupinambis merianae.

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A espécie é encontrada em diversos microhabitats, a maioria deles nas rochas. Embora predominantemente terrestre, é uma boa alpinista. Nada é conhecido sobre sua reprodução. Apenas um estudo realizado entre o fim de outubro e o início de novembro, durante a estação seca, mostrou pequenas evidências sobre a atividade reprodutiva da espécie. O lagarto é ovíparo, como muitos Trachylepis, e diferente dos Mabuya, que são todos vivíparos.

O Trachylepis atlantica é ativo durante o dia. Sua temperatura corporal tem uma média de 32 °C, poucos graus acima da temperatura ambiente. Durante o dia, seu corpo atinge picos superiores a 38 °C, próximo do meio-dia, e apresenta temperaturas mais baixas nos outros horários. No início da manhã, o lagarto se expõe ao sol. O animal gasta, em média, 28,4% de seu tempo movendo-se em busca de alimento, uma proporção relativamente alta para os Trachylepis.

Um geólogo que visitou a ilha em 1876 observou que o lagarto é curioso e ousado:.mw-parser-output.flexquote{display:flex;flex-direction:column;background-color:#F1F1F1;border-left:3px solid #C7C7C7;font-size:100%;margin:1em 4em;padding:.4em.8em}.mw-parser-output.flexquote>.flex{display:flex;flex-direction:row}.mw-parser-output.flexquote>.flex>.quote{width:100%}.mw-parser-output.flexquote>.flex>.separator{border-left:1px solid #C7C7C7;border-top:1px solid #C7C7C7;margin:.4em.8em}.mw-parser-output.flexquote>.cite{text-align:right}@media all and (max-width:600px){.mw-parser-output.flexquote>.flex{flex-direction:column}}

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

O lagarto de Fernando de Noronha é um onívoro oportunista, pois consome qualquer coisa que seja comestível. Análises do conteúdo encontrado no estômago desse animal indicam que ele se alimenta, principalmente, de vegetais, pelo menos durante o período seco, mas ele também consome insetos e suas larvas, cupins (Isoptera), formigas (Formicidae) e besouros (Coleoptera). A maioria de suas presas é móvel, o que explica a proporção do tempo relativamente alta que o lagarto gasta se movimentando. Outras espécies da família Scincidae têm por hábito comer principalmente insetos, mas populações insulares podem, com frequência, tender ao herbivorismo. Suas presas têm em média 6,9 mm3 de volume, menos do que as das outras espécies Trachylepis.

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Quando as árvores da espécie Erythrina velutina florescem, durante a estação seca, o lagarto de Noronha escala seus 12 metros para alcançar suas inflorescências e para tomar o néctar, introduzindo sua cabeça nas flores. Eles provavelmente usam o néctar pela quantidade de açúcar e de água que ele contém. Nesse sentido, o lagarto ajuda na polinização da árvore, carregando o pólen em suas escamas e transportando-o até o estigma de outras flores, quando as visita. A polinização é um comportamento raro entre os lagartos, mas ocorre, mais frequentemente, em espécies insulares. O homem introduziu fontes adicionais de alimento para o lagarto na ilha, dentre elas sementes de Acacia, fezes de roedores da espécie Kerodon rupestris, moscas carniceiras, Hemidactylus mabouya jovens e farelos de biscoito deixados por turistas. A disponibilidade dessas fontes alimentares adicionais pode aumentar a abundância da espécie. Em 1887, H. N. Ridley observou esses lagartos comendo cascas de banana e gemas de ovos de pombos. Inúmeros casos de canibalismo já foram relatados, envolvendo lagartos comendo ovos, indivíduos jovens ou a cauda de outros adultos.

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População

Referências

1. Trachylepis atlantica artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Trachylepis_atlantica
2. Trachylepis atlanticano site da Lista Vermelha da IUCN - https://www.iucnredlist.org/species/120689136/134890404

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