A gralha-de-bico-vermelho (Pyrrhocorax pyrrhocorax) é uma ave da família Corvidae (corvos).
Esta espécie apresenta um comprimento entre 37 e 41 centímetros, uma envergadura entre os 70 e 80 centímetros e chega a pesar de 280 a 360 gramas. A plumagem completamente negra contrasta com as patas e o bico curvo vermelho vivo. Os juvenis possuem um bico amarelado e as pernas são mais escuras em cor do que nos adultos.
Embora a gralha-de-bico-vermelho seja uma espécie característica das encostas escarpadas das zonas de montanha, a sua situação populacional em Portugal neste tipo de biótopos é bastante mal conhecida e aparentemente crítica. Habita em paredes alcantiladas marinhas e áreas de montanha com paredes rochosas, especialmente calcárias, em regiões secas e pobres em árvores. Esta espécie prefere desfiladeiros fluviais que ofereçam disponibilidade de sítios para nidificação. Ocasionalmente pode ocupar edifícios.Os campos agrícolas tradicionais são locais críticos onde as populações desta espécie se alimentam.
A gralha-de-bico-vermelho é uma espécie de distribuição paleártica. Tem uma presença continua através das cadeias montanhosas da Ásia central, e bastante mais descontinua na Europa Meridional. Na Europa reparte-se por grande parte da Península Ibérica e localmente pela Grã-Bretanha, Irlanda, França, Itália, Sardenha, Sicília e Península Balcânica. Em Portugal, as populações mais numerosas encontram-se nas serras calcárias de média e baixa altitude (Serra dos Candeeiros) e em escarpas fluviais (Douro Internacional) ou costeiras (Sudoeste Alentejano) Em Espanha possui uma população numerosa e bem distribuída.Pode ainda ser encontrada nos Himalaias, a altitudes de 2000 metros, na China e na Sibéria, bem como em zonas montanhosas da Etiópia e Norte de África.
O seu voo é ondulante e acrobático, onde vários indivíduos se envolvem em piruetas, acompanhadas de estridentes e numerosos sons metálicos que constituem as características vocalizações desta espécie.
Com efeito, à parte das características vocalizações e voo acrobático, é a única espécie especialista no que diz respeito às exigências de habitat e alimentação, uma vez que se alimenta exclusivamente de insetos e habita zonas onde se pratica uma agricultura tradicional.
As gralhas de bico vermelho são conhecidas pelos seus voos ondulantes e acrobáticos em grupo, onde vários indivíduos se envolvem em piruetas, acompanhado pelas suas numerosas e agudas vocalizações "metálicas".
A dieta é composta principalmente por insetos e é complementada com artrópodes, gastropodes e outros invertebrados bem como matéria vegetal.
Esta espécie vive em colónias formadas, geralmente, por 10 a 15 casais onde se pode observar que só há ninhos para uma fração dos casais, isto deve-se ao facto de estes animais já viverem acasalados antes de alcançarem a maturidade sexual que só se dá no segundo ao terceiro ano de vida. Os ninhos encontram-se quase sempre em locais como fendas de rochas, cavidades e paredes rochosas de alcantilados marinhos. Os ninhos são construídos por ambos os adultos, o macho geralmente ocupa-se da parte estrutural do ninho enquanto que a fêmea ocupa-se em “acolchoar” o interior do ninho. A postura é geralmente de 3-6 ovos e realiza-se, geralmente, em Abril no caso das zonas marinhas e em Maio no caso das zonas montanhosas. A incubação é inteiramente realizada pela fêmea e tem uma duração de 18 dias. O macho ajuda na alimentação da fêmea e dos seus descendentes. Os filhotes abandonam o ninho 38 dias depois de nascerem.
A nível global é considerado Pouco Preocupante (LC). Em Portugal é considerado Em Perigo (EN).
Decreto-Lei nº 140/99 de 24 de Abril, Transposição da Diretiva Aves 79/409/CEE de 2 de Abril de 1979, com a redação dada pelo Decreto-Lei nº 49/2005 de 24 de Fevereiro – Anexo I. Decreto-Lei nº 316/89 de Setembro, transposição para a legislação nacional da Convenção de Berna – Anexo II.