Diabo-da-tasmânia
Reino
Filo
Subfilo
Classe
Infraclasse
Família
Género
Espécies
Sarcophilus harrisii
Tamanho da população
10-25 Thou
Vida útil
5-8 years
Velocidade máxima
24
15
km/hmph
km/h mph 
Peso
4-12
8.8-26.4
kglbs
kg lbs 
Comprimento
52-80
20.5-31.5
cminch
cm inch 

O diabo-da-tasmânia ou demônio-da-tasmânia (nome científico: Sarcophilus harrisii, do grego, sarx, carne + philos, amigo; e harrisii, em homenagem a George Harris) é um mamífero marsupial da família Dasyuridae, endêmico da ilha da Tasmânia, Austrália. Através do registro fóssil, sabe-se que a espécie habitou também a Austrália continental, onde se extinguiu há cerca de três mil anos. As causas desse desaparecimento são desconhecidas, mas acredita-se que tenha sido influenciado pela introdução do dingo, pela chegada e expansão dos aborígenes e por influência climática de El Niño durante o Holoceno.

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Com uma aparência de urso, que lhe rendeu a descrição científica de Didelphis ursina, é um animal robusto e musculoso. Sua pelagem é escura com manchas brancas na região da garganta, das bochechas e lombar. Os dentes molares são adaptados à sua dieta de carniça. É um caçador pouco eficiente, preferindo animais de pequeno porte. Pode ser encontrado em vários tipos de habitat, incluindo áreas urbanas, mas prefere bosques costeiros e florestas esclerófitas. Noturno e solitário, habita uma área de vida definida, mas não tem tendências territoriais. Ocasionalmente, vários animais se reúnem para se alimentar de uma carcaça, gerando interações agressivas. Promíscuos, acasalam-se uma vez ao ano, gerando ninhadas de dois a quatro filhotes, que são desmamados aos oito meses de idade. É o maior marsupial carnívoro existente, após a extinção do tilacino, e possui convergência ecomorfológica com as hienas.

Inicialmente, o animal foi visto pelos colonizadores europeus como uma ameaça aos rebanhos domésticos, sendo então caçado e envenenado, com significativa redução populacional. Em 1941, a espécie foi oficialmente protegida e os números começaram a aumentar. No final da década de 1990, uma doença neoplásica reduziu drasticamente a população e agora ameaça a sobrevivência da espécie, que, em maio de 2009, foi declarada em perigo de extinção. Programas de manejo estão sendo conduzidos pelo governo da Tasmânia para reduzir o impacto da doença, incluindo uma iniciativa para formar um grupo de diabos-da-tasmâmia saudáveis em cativeiro, isolados da doença. O animal é o símbolo da Tasmânia e de muitas organizações, grupos e produtos associados ao Estado. Ficou popularmente conhecido através do personagem Taz dos desenhos animados Looney Tunes. Dadas as restrições de exportação e o fracasso das tentativas de reprodução da espécie no exterior, quase não há indivíduos fora da Austrália.

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Aparência

O diabo-da-tasmânia possui uma aparência superficial de urso, exceto pela cauda. Possui porte robusto, com uma cabeça curta, larga e musculosa, focinho curto e orelhas arredondadas. As orelhas são peludas com tufos bem demarcados na base. Sua pelagem é de castanha escura a negra, exceto pela mancha branca na região da garganta e por uma ou duas manchas nas regiões lombar e lateral do corpo. Cerca de 16% dos animais apresentam melanismo, ou seja, são completamente negros, sem qualquer tipo de mancha.

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Os membros dianteiros tendem a ser maiores que os traseiros. O primeiro dedo do pé está ausente, fazendo com que o diabo tenha 5 dedos nas mãos e apenas 4 nos pés. As garras não são retráteis. A cauda, não-preênsil, curta e uniformemente coberta de pelos, tem importante papel na fisiologia, no comportamento social e na locomoção. Ela funciona como um depósito de gordura, e diabos saudáveis tendem a ter caudas grossas, e age como um contrapeso que ajuda a dar estabilidade quando o animal se movimenta rapidamente. Glândulas ad-anais na base da cauda são usadas na demarcação e na comunicação social pelo seu odor forte e característico.

O crânio e os dentes são maciços e resistentes. A dentição assemelha-se a dos marsupiais fósseis e aos gambás sul-americanos. Os quatro molares são bem desenvolvidos e adaptados, permitindo que o diabo triture ossos e rasgue carne, os três primeiros têm formato triangular, enquanto os dois últimos são análogos ao dente carniceiro dos carnívoros placentários. Os caninos são proeminentes e mais arredondados e os pré-molares são bem reduzidos. Machos têm caninos mais fortes que as fêmeas, provavelmente por causa da dominância sexual exercida na estação reprodutiva. A fórmula dentária é.

As fêmeas possuem 4 mamas e o marsúpio é completamente fechado e voltado para trás na estação reprodutiva, ao contrário da maioria das espécies da família. O tamanho varia consideravelmente com o habitat, a dieta e a idade. Os machos são geralmente maiores que as fêmeas.

Longas vibrissas se estendem na face e no topo da cabeça, e têm função sensorial na localização de presas e de outros indivíduos da espécie. A audição é o sentido dominante, mas o olfato também é apurado, alcançando distâncias de até 1 km. Devido ao hábito noturno, a visão é fortemente monocromática, conseguindo detectar objetos em movimento rapidamente, mas tendo dificuldade para visualizar objetos estacionários.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

Continentes
Países
Regiões
Reinos biogeográficos

O diabo-da-tasmânia é endêmico da Austrália, onde pode ser encontrado apenas na ilha da Tasmânia e algumas ilhas costeiras próximas, como Robbins, Bruny e Badger. A população da Ilha Bruny sobreviveu até meados do século XIX, não havendo mais registros para a espécie após 1900. A população da Ilha Badger foi ilegalmente introduzida na metade da década de 1990, sendo removida em agosto de 2007. Registros subfósseis indicam também a presença da espécie na ilha Flinders até o início do século XIX.

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A espécie extinguiu-se no continente australiano entre 3 000 e 4 000 anos a.p. Dentre os fatores que a levaram à extinção, três hipóteses são levantadas:(1) competição com os dingos por alimento, (2) pressão sofrida pela expansão dos aborígenes, (3) mudança climática em decorrência da intensificação da Oscilação Sul-El Niño (OSEN).

O S. harrisii estava bem distribuído através da Austrália durante o Pleistoceno, declinando e ficando restrito a três populações remanescentes durante o Holoceno Médio, há cerca de 3 000 anos. Uma no norte, próxima a Darwin, Território do Norte, baseada em um único registro fóssil e na arte rupestre. Uma no sudoeste da Austrália Ocidental baseada em registros descritos por diversos autores. E uma no sudeste, baseada em registros feitos em várias localidades que vão do delta do rio Murray até as vizinhanças de Port Phillip, Vitória. Em 1972, um dente fóssil encontrado na região de Augusta, Austrália Ocidental, foi datado tendo entre 430±160 anos de idade, entretanto, essa datação radiométrica foi rejeitada em 2006, devido a incertezas quanto à origem do depósito onde foi encontrado o dente, especialmente porque os outros achados do mesmo sítio foram datados com cerca de 3 000 anos.

No século XXI, tem vindo a ser reintroduzido em território continental. Em setembro de 2020, havia um total de 26 diabos da Tasmânia. Em 2021, os animais já se estão a reproduzir em território continental, mais concretamente no Santuário de Vida Selvagem Barrington, em Nova Gales do Sul onde nasceram sete diabos da Tasmânia em estado selvagem.

Os diabos podem ser encontrados em todos os habitats da ilha da Tasmânia, incluindo os arredores das áreas urbanas, mas preferencialmente habita bosques costeiros e florestas esclerófilas. O "núcleo" da distribuição, onde se concentram as maiores densidades populacionais, está localizado nas zonas com precipitação anual de baixa a moderada do leste e norte da ilha. Densas florestas úmidas de eucalipto, áreas alpinas, brejos densos e úmidos e pastagens abertas suportam apenas baixas densidades populacionais. Diabos também evitam encostas íngremes e áreas rochosas.

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Diabo-da-tasmânia Mapa do habitat

Zonas climáticas

Diabo-da-tasmânia Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

O diabo-da-tasmânia é um animal de hábito noturno e crepuscular. Ambos os sexos constroem ninhos com gravetos e folhas em buracos cavados pelos próprios ou tocas de vombates vazias, onde passam o dia. Em áreas tranquilas podem ser vistos tomando banho de sol. Apresenta um comportamento solitário, com interações macho-fêmea na estação reprodutiva. Fora dessa época as interações entre fêmeas é um pouco comum, mas entre machos é rara. Ocasionalmente, quando os indivíduos se reúnem em torno de uma carcaça, eles interagem de modo agressivo, mas não apresentam um sistema de hierarquia social. Quando reunidos utilizam-se de um repertório para comunicação social que incluiu posturas, vocalizações e utilização de urina e secreção glandular. Em condições de cativeiro, os diabos-da-tasmânia organizam-se num sistema hierarquizado.

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Não possui comportamento territorial, apesar de habitar uma área de vida definida, que frequentemente se sobrepõe a áreas de indivíduos do mesmo sexo ou do sexo oposto. A localização e o tamanho dessa área depende basicamente da disponibilidade de alimento. Uma típica área de vida é estimada em 13 km², variando entre 4 e 27 km². Não há registros de movimentos sazonais, embora no inverno os animais se movimentem mais a procura de alimento. Ocupa diferentes tocas, mudando a cada 1-3 dias, percorrendo uma distância entre elas que pode variar de 3,2 km a 8,6 km, sempre à noite.

Com a extinção do tilacino em 1936, o diabo-da-tasmânia tornou-se o maior marsupial carnívoro existente. O tilacino representava um importante predador, tanto de adultos quanto de filhotes de diabos. Os juvenis são predados por águias (Aquila audax fleayi), corujas (Tyto novahollandiae), Dasyurus maculatus e por cães domésticos e errantes. O diabo possui uma função ecológica no ecossistema, limpando as carcaças do ambiente, evitando assim a proliferação de moscas-varejeiras e outras pragas, como Vespula germanica e Oncopera spp., e controlando as populações da raposa-vermelha e de cães e gatos errantes. Através de uma convergência ecomorfológica, o diabo e a hiena compartilham uma mandíbula e dentes fortes, capazes de triturar ossos, além de hábitos carniceiros, desempenhando papéis semelhantes nos diferentes ecossistemas. O diabo possui distribuição simpátrica com duas espécies do gênero Dasyurus, D. maculatus e D. viverrinus, mas apenas com o primeiro compete diretamente por alimento.

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

A dieta da espécie é bastante variável e depende da disponibilidade de alimento, e inclui uma grande variedade de vertebrados e invertebrados, como também frutos e plantas. Grande parte da alimentação é derivada de pequenos a médios cangurus dos gêneros Macropus, Wallabia, Thylogale, Bettongia e Potorous, vombates (Vombatus ursinus), carneiros e coelhos. Geralmente consumindo as carcaças de animais atropelados ou mortos por outras causas. O diabo não é um caçador eficiente, e quando caça, geralmente ataca animais de pequeno porte, como aves, sapos, répteis, vombates, cangurus pequenos, cordeiros fracos e doentes. Em média, o diabo come cerca de 15% do seu peso corporal por dia, embora possa ingerir mais de 40% caso tenha a oportunidade.

Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

O diabo-da-tasmânia tem hábitos promíscuos e se reproduz uma vez ao ano entre os meses de fevereiro e junho. Em estudos mais antigos, a estação reprodutiva era mais curta, concentrando-se nos meses de fevereiro e março. O período gestacional varia entre 14 a 22 dias e resulta numa ninhada de 2 a 4 filhotes. Como na maioria dos marsupiais, o restante do desenvolvimento ocorre no interior do marsúpio. Até os 90 dias, as crias ficam agarradas às mamas, aos 105 dias deixam o marsúpio pela primeira vez e são desmamadas aos 8 meses.

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Os machos disputam as fêmeas na estação reprodutiva e a fêmea se acasala com o macho dominante. O maior contato entre os indivíduos nessa época resultada em maiores taxas de lesões como resultado da agressão intra/inter-sexual. O acasalamento se dá tanto de dia como de noite. As fêmeas normalmente atingem a maturidade sexual aos dois anos de idade, entretanto, devido ao aparecimento da doença tumoral facial, a maturidade já pode ser observada no primeiro ano de vida.

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População

Ameaças à população

A introdução e o estabelecimento da raposa-vermelha (Vulpes vulpes) na Tasmânia expôs o diabo a um novo e eficiente competidor. A raposa-vermelha tem sido introduzida na Tasmânia desde o início da colonização européia, entretanto, ela nunca se estabeleceu devido à presença do diabo-da-tasmânia. Raposas e diabos possuem tamanho similar, predando os filhotes um do outro. Eles compartilham preferências por tocas e habitats, competindo assim tanto por comida quanto por abrigo. Desde 2001, uma variedade de evidências coletadas indicam um baixo nível populacional de raposas. Embora em baixa densidade, raposas já foram registradas em todas as regiões exceto extremo sul, oeste e noroeste. Coincidentemente, a maioria dos registros ocorreu em áreas onde a doença neoplásica reduziu significativamente as populações de diabos. A raposa não é considerada uma ameaça direta ao diabo, entretanto, ela pode causar problemas na recuperação e no restabelecimento da espécie.

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O atropelamento tem sido identificado como uma ameaça a algumas populações da fauna australiana. Os diabos costumam usar as estradas para viagens longas e também são atraídos por elas pelas carcaças de outros animais atropelados. Em 2008, um estudo sugeriu que mais de 3 000 diabos são mortos nas estradas a cada ano, o que pode causar um impacto significativo na população já reduzida. A caça, muito comum no passado, foi reduzida com a proteção oficial de 1941, apesar de ainda continuar até a década de 1990, quando foram concedidas permissões de caça a fazendeiros que reivindicavam o controle populacional nas redondezas das fazendas de criação de ovinos. Estimativas indicam que cerca de 10 000 animais foram mortos por ano na metade da década de 1990, na maioria dos casos ilegalmente.

A perda do habitat, que ocorre desde o início da colonização da ilha, principalmente na área leste, que concentra as maiores densidades populacionais, também é uma ameaça à sobrevivência da espécie. Apesar do diabo ser a espécie menos susceptível a essa ameaça, já que se movimenta muito em busca de alimento e é um generalista em termos de preferência de habitat, pode sofrer indiretamente pela falta de áreas para fazer tocas.

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Referências

1. Diabo-da-tasmânia artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Diabo-da-tasm%C3%A2nia
2. Diabo-da-tasmâniano site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/40540/0

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