O lobo-dourado-africano (Canis anthus ou Canis lupaster) é um canídeo nativo do Norte da África e do Chifre da África. Descende de uma mistura genética de canídeos, sendo 72% do lobo-cinzento e 28% de ancestrais do lobo-etíope. Ocorre no Senegal, Nigéria, Chade, Marrocos, Argélia, Tunísia, Líbia, Quênia, Egito e Tanzânia. Está classificado como Pouco Preocupante na Lista Vermelha da IUCN. Na Cordilheira do Atlas, foi avistado em até 1 800 m de altitude. É primariamente um predador, caçando invertebrados e mamíferos até o tamanho de filhotes de gazelas, embora às vezes animais maiores também sejam caçados. Sua dieta também inclui carcaças de animais, refugos humanos e frutas. O lobo-dourado-africano é uma espécie monogâmica e territorial, cujos filhotes permanecem com a família para auxiliar a cuidar dos filhotes mais novos dos seus pais.
Ele foi anteriormente classificado como uma variante africana do chacal-dourado, sendo pelo menos uma subespécie (Canis anthus lupaster) classificada como um lobo. Em 2015, uma série de análises do DNA mitocondrial e do genoma nuclear da espécie demonstrou que ela era na verdade distinta tanto do chacal-dourado quanto do lobo-cinzento. O lobo-dourado-africano, entretanto, é suficientemente próximo do chacal-dourado para produzir crias híbridas, como indicaram testes genéticos em chacais em Israel e um experimento de cruzamento interespecífico em cativos no século XIX.
Ele tem um papel proeminente em algumas culturas africanas: no folclore norte-africano, ele é visto como um animal não confiável, de cujo corpo algumas partes podem ser usadas em práticas medicinais e ritualísticas, enquanto é tido em alta estima na religião Serer do Senegal, tendo sido a primeira criatura criada pelo deus Roog.
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Começa porO lobo-dourado-africano tem tamanho intermediário entre os chacais africanos (C. mesomelas e C. adustus) e as pequenas subespécies de lobos-cinzentos, com ambos os sexos pesando entre 7 e 15 kg e medindo 40 cm de altura. Entretanto, há um alto grau de variação de tamanho geograficamente, sendo os espécimes da África Ocidental e do Norte maiores do que os seus primos da África Oriental. Ele tem focinho e orelhas relativamente longos, enquanto a cauda é comparativamente curta, com comprimento de 20 cm. A cor do pelo varia individualmente, geograficamente e com a época do ano, embora a coloração típica seja do amarelado a cinza prateado, com patas ligeiramente avermelhadas e pintas pretas na cauda e ombros. As marcas na garganta, abdômen e face são normalmente brancas e os olhos são cor de âmbar. As fêmeas possuem de dois a quatro pares de tetas. Embora seja superficialmente similar ao chacal-dourado (particularmente na África Oriental), o lobo-dourado-africano tem um focinho mais pontudo e dentes mais afiados e robustos. As orelhas do lobo-dourado-africano são mais longas, e o crânio possui uma testa mais elevada.
Achados de fósseis datados do Pleistoceno indicam que a distribuição da espécie não foi sempre restrita à África, tendo restos sido encontrados no Levante e na Arábia Saudita. Na Tanzânia, o lobo-dourado-africano está limitado a uma pequena área do norte, entre as elevações ocidentais do monte Kilimanjaro e o centro do Serengeti. Nesta última área, ele ocorre principalmente nas planícies de grama baixa, no piso da cratera Ngorongoro e nas planícies entre as crateras Olmoti e Empakai, sendo relativamente raro no Parque Nacional de Serengeti, em Loliondo e na reserva de Maswa. A espécie também habita a área do lago Natron e o Kilimanjaro oeste. Ele é às vezes encontrado na parte norte do Parque Nacional Arusha, e mais ao sul em Manyara. Em áreas onde ele é comum, como as planícies de grama baixa do Parque Nacional de Serengeti e a cratera de Ngorongoro, a densidade populacional varia entre 0,5 e 1,5 espécime por km². Um decréscimo populacional de 60% foi registrado nas planícies do sul do Parque Nacional de Serengeti desde o início dos anos 1970, mas as razões são desconhecidas.
O lobo-dourado-africano habita diversos hábitats diferentes; na Argélia ele vive em áreas de clima mediterrânico, litorâneas e montanhosas (inclusive fazendas cercadas, áreas de vegetação baixa, florestas de pinheiros e de carvalhos), enquanto populações no Senegal habitam zonas tropicais de clima semiárido, inclusive savanas sahélicas. Populações de lobo no Mali foram documentadas em maciços sahélicos áridos. No Egito, o lobo-dourado-africano habita áreas cultivadas, terras devastadas, margens de desertos, áreas rochosas e penhascos. No lago Nasser, ele vive perto da borda do lago. Em 2012, lobos-dourados-africanos foram fotografados na província Azilal do Marrocos, numa elevação de 1 800 metros. Ele aparentemente se dá bem em áreas onde a densidade populacional humana é alta e as populações de presas são baixas, como é o caso do distrito de Enderta no norte da Etiópia. Este lobo já foi registrado no deserto muito seco da Depressão de Danakil na costa da Eritreia, na África Oriental.
A organização social do lobo-dourado-africano é extremamente flexível, variando com a disponibilidade e distribuição de alimento. A unidade social básica é um casal reprodutor, seguido por suas crias atuais, ou crias de ninhadas anteriores que permanecem como “ajudantes”. Grupos grandes são raros, e sua ocorrência foi registrada apenas em áreas com rejeitos humanos abundantes. Relações familiares entre lobos-dourados-africanos são pacíficas, em comparação com as do chacal-de-dorso-negro; embora o comportamento sexual e territorial dos filhotes crescidos seja suprimido pelo casal reprodutor, eles não são ativamente afastados até que se tornem adultos. Os lobos-dourados-africanos também se deitam juntos e se limpam mutuamente com muito maior frequência do que os chacais-de-dorso-negro. No Serengeti, os pares defendem territórios permanentes abrangendo 2–4 km², e só desocupam seu território para beber ou quando atraídos por uma carcaça grande. O casal patrulha e marca o seu território em paralelo. Tanto parceiros quando ajudantes reagem agressivamente contra intrusos, embora a maior agressão seja reservada para intrusos do mesmo sexo; os membros do casal não se ajudam para repelir intrusos do sexo oposto.
Os rituais de corte do lobo-dourado-africano são notavelmente longos, durante os quais o casal permanece junto quase constantemente. Antes da cópula, o par patrulha e marca o território com o seu cheiro. A cópula é precedida pela fêmea mantendo sua cauda levantada em ângulo, de forma que sua genitália fique exposta. Os dois se aproximam choramingando, levantando suas caudas e arrepiando o pelo, bem como apresentando diversas intensidades de comportamento ofensivo e defensivo. A fêmea cheira e lambe os genitais do macho, enquanto o macho fuça o pelo da fêmea. Eles podem rodar um em volta do outro e lutar brevemente. A ligação da cópula dura em torno de quatro minutos. No final do estro, o par se separa, com a fêmea se aproximando do macho de uma forma mais submissa. Antecipando o papel que passará a desempenhar na criação dos filhotes, o macho regurgita ou cede todo alimento que tem para a fêmea. No Serengeti, os filhotes nascem em dezembro-janeiro e começam a comer alimentos sólidos depois de um mês. O desmame se inicia com dois meses de idade e termina aos quatro meses. Neste estágio, os filhotes são semi-independentes, arriscando-se a até 50 metros da toca, e até dormindo ao ar livre. Suas brincadeiras ficam progressivamente mais agressivas, com os filhotes competindo pela graduação entre eles, que é estabelecida após seis meses. A fêmea alimenta os filhotes mais frequentemente do que o macho e os ajudantes, embora a presença desses últimos permita que o casal deixe a toca para caçar sem deixar a ninhada desprotegida.
A vida do lobo-dourado-africano está centrada em uma toca, que normalmente consiste de um buraco abandonado e modificado de porco-formigueiro ou de javali-africano. A estrutura interior da toca é pouco conhecida, embora acredite-se que consista de uma câmara central única, com duas ou três rotas de escape. A toca pode estar localizada em áreas isoladas ou surpreendentemente próxima à de outros predadores.
Os lobos-dourados-africanos limpam-se reciprocamente com frequência, particularmente durante a corte, quando isto pode durar até 30 minutos. Mordiscar a face e o pescoço é observado durante cerimônias de acolhimento. Quando luta, o lobo-dourado-africano golpeia seu oponente com as patas, morde e sacode o ombro. As posturas da espécie são tipicamente caninas e ela tem mais mobilidade facial do que o chacal-de-dorso-negro e o chacal-listrado, sendo capaz de expor os seus dentes caninos como um cão.
O vocabulário do lobo-dourado-africano é similar ao do cão doméstico, tendo sido registrados sete sons. As vocalizações incluem uivos, latidos, rosnados, ganidos e cacarejos. Subespécies podem ser reconhecidas por diferenças nos seus uivos. Um dos sons mais comumente ouvidos é um lamento alto e penetrante, do qual há três variedades: um longo uivo contínuo em um único tom, um lamento que sobe e cai e uma série de uivos curtos em staccato. Esses uivos são usados para repelir intrusos e atrair membros da família. Acredita-se que uivos em coro reforcem ligações familiares, assim como estabeleçam status territorial. Uma análise comparativa dos uivos do lobo-dourado-africano e de algumas subespécies de lobo-cinzento demonstrou que os uivos dos primeiros têm similaridades com os do lobo-indiano, sendo de tom alto e de duração relativamente curta.
Na África Ocidental, o lobo-dourado-africano está praticamente restrito a pequenas presas, como lebres, ratos, esquilos-terrestres e ratazanas-do-capim. Outras presas incluem lagartos, cobras e aves que fazem ninhos no chão, como francolins e abetardas. Ele também consome grande quantidade de insetos, como besouros, larvas, cupins e gafanhotos. Ele também mata jovens gazelas, duikers e javalis-africanos. Na África Oriental, ele consome invertebrados e frutas, embora 60% da sua dieta consista de roedores, lagartos, cobras, aves, lebres e gazelas-de-thomson. Durante a temporada de filhotes de gnu, os lobos-dourados-africanos alimentam-se quase exclusivamente dos seus recém-nascidos. No Serengeti e na cratera de Ngorongoro, menos de 20% da sua dieta se compõe de carniça. No Senegal, onde C. a. anthus e C. a. lupaster coexistem, algum grau de diferenciação de nicho é aparente na sua escolha de presas; os primeiros são conhecidos por se alimentar principalmente de cordeiros, enquanto os últimos atacam presas maiores, como carneiros, cabras e vacas.