Ursus maritimus, Urso-branco
O urso-polar (nome científico: Ursus maritimus), também conhecido como urso-branco, é uma espécie de mamífero carnívoro da família Ursidae encontrada no círculo polar Ártico. Ele é o maior carnívoro terrestre conhecido e também o maior urso, juntamente com o urso-de-kodiak, que tem aproximadamente o mesmo tamanho. Embora esteja relacionado com o urso-pardo, esta espécie evoluiu para ocupar um estreito nicho ecológico, com muitas características morfológicas adaptadas para as baixas temperaturas, para se mover sobre neve, gelo e na água, e para caçar focas, que compreende a maior porção de sua dieta.
A espécie está classificada como "vulnerável" pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), com oito das dezenove subpopulações em declínio. Entre as ameaças que atingem o urso estão o desenvolvimento da região com a exploração de petróleo e gás natural, contaminação por poluentes, caça predatória e efeitos da mudança climática no habitat. Por centenas de anos, o urso-polar tem sido uma figura chave na vida cultural, espiritual e material dos povos indígenas do Ártico, aparecendo em muitas lendas e contos desses povos.
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Brancos de NeveO urso-polar é o maior carnívoro terrestre, o urso-de-kodiak(Ursus a. middendorffi) ocupa o segundo lugar sendo mais robusto que o polar, só que ligeiramente menor em tamanho. Um urso polar adulto pesa entre 350 a 700 kg e mede entre 2,4 a 3 metros de comprimento total. O corpo de um urso-polar é grande e encorpado, muito similar ao do urso-pardo, exceto pela ausência da protuberância nos ombros. O pescoço é mais longo que em qualquer outra espécie do gênero, e a cabeça é relativamente pequena e achatada. A espécie apresenta um acentuado dimorfismo sexual, sendo os machos maiores que as fêmeas em tamanho, e também com os dentes caninos maiores e uma arcada molar mais longa. Existe uma grande oscilação no tamanho dos ursos em diferentes regiões geográficas devido a existência de uma variação clinal de Spitzenberg, onde os ursos são menores, ao estreito de Bering, onde são maiores. Presumivelmente a variação clinal também é similar através da Sibéria em direção ao mar de Bering, apesar de não ter sido investigada. O maior espécime já registrado foi um macho que pesava 1,002 quilos quando foi morto em Kotzebue Sound, no noroeste do Alasca, em 1960, e que está em exposição no aeroporto de Anchorage.
A pelagem tem geralmente uma aparência branca, mas pode ser amarelada no verão, devido à oxidação provocada pelo sol ou pode até parecer cinzenta ou castanha, dependendo da estação e das condições de iluminação. A pele é preta, assim como o focinho e os lábios, e o pelo é incolor devido a falta de pigmento. A aparência branca é o resultado da luz sendo refletida a partir dos pelos transparentes. A pelagem é composta por uma densa camada de subpelos, com cerca de 5 centímetros de comprimento, e uma camada de pelos externos com 15 centímetros.
O urso-polar tem um andar plantígrado e possui cinco dígitos em cada pata. As patas dianteiras são maiores e possuem uma convergência com remos, que auxiliam no nado. As garras não são retráteis e medem de cinco a sete centímetros nos adultos. As solas das patas, traseiras e dianteiras, são peludas tanto para o isolamento térmico como para tração ao caminhar sobre gelo e neve. As fêmeas têm quatro mamas funcionais.
Os dentes refletem a sua dieta altamente carnívora. Os incisivos não são especializados e os caninos são alongados, cônicos e ligeiramente curvados. Os dentes carniceiros são pouco desenvolvidos e os primeiros pré-molares são rudimentares. A fórmula dentária é:.
O urso-polar é encontrado no círculo polar ártico e áreas continentais adjacentes. A área de distribuição inclui territórios em cinco países: Dinamarca (Groenlândia), Noruega (Svalbard), Rússia, Estados Unidos (Alasca) e Canadá. Os limites meridionais de sua distribuição são determinados pela disposição anual do gelo flutuante e do gelo permanente durante o inverno. A espécie têm sido registrada ao norte até 88º e ao sul até a ilha St. Matthew e ilhas Pribilof, no mar de Bering, e baía de James e ilha de Terra Nova, no Canadá. Avistamentos esporádicos são relatados em Berlevåg na Noruega continental e nas ilhas Kurilas no mar de Okhotsk. Além disso, animais errantes ocasionalmente chegam na Islândia.
Na décadas de 1960 e 1970, os pesquisadores começaram a obter informações sobre a estrutura das populações de urso-polar dispersas por todo o Ártico e sobre a movimentação realizada pelos mesmos. Em 1993, durante o encontro da "IUCN's Polar Bear Specialist Group", a primeira tabela oficial da situação dessas populações foi formalizada com reconhecimento de quinze subpopulações. Em 2009, um total de dezenove subpopulações foram reconhecidas. Estes grupos reconhecidos devido a uma fidelidade sazonal a algumas áreas em particular, são geneticamente similares, não havendo evidências de que algum grupo tenha evoluído separadamente por períodos significativos de tempo.
Devido à ausência do desenvolvimento humano em seu habitat remoto, a espécie retém mais de sua distribuição original do que qualquer outro carnívoro existente. O urso-polar é frequentemente considerado um mamífero marinho por habitar primariamente o ambiente marinho. Seu habitat preferido são os bancos de gelo que cobrem as águas da plataforma continental e as áreas entre os arquipélagos árticos. Estas áreas, conhecidas como o "anel da vida do Ártico", tem alta produtividade biológica em comparação com as águas profundas do Ártico. O urso-polar tende a frequentar áreas onde o gelo encontra a água, como polínias e fendas (trechos temporários de águas abertas no gelo do Ártico) ao longo do perímetro do gelo polar flutuante, raramente adentrando na bacia polar nas proximidades do polo norte, onde a densidade de focas é baixa.
O urso-polar é um animal solitário, exceto na época reprodutiva, e em certas épocas do ano quando machos adultos são altamente sociáveis. O pico de atividade ocorre no final da primavera e início do verão quando as focas são mais abundantes.
A espécie vive numa área de vida que incluem os locais de alimentação, de ninho, de acasalamento e de refúgio. Essas áreas não são defendidas e sobrepõe-se com a de outros ursos. Se as condições do gelo permitirem, um urso pode utilizar a mesma área ano após ano. As áreas de vida das fêmeas variam de pequenas delimitações de até 200 quilômetros quadrados a extensas áreas de até 960 000 quilômetros quadrados. Vários fatores afetam a quão grande será a área utilizada por uma fêmea num ano. Mães com filhos mais velhos têm áreas maiores, fêmeas com recém-nascidos áreas menores. Diferenças no tamanho entre populações também são afetadas pela dinâmica do gelo marinho, e são maiores nas áreas de gelo flutuante e menores no gelo permanente. As áreas de vida de machos são pouco estudadas, mas devem ser similares as das fêmeas adultas.
O urso é um excelente nadador e indivíduos têm sido vistos em águas abertas a cerca de 320 quilômetros da costa. Com sua gordura corporal fornecendo flutuabilidade, ele nada num estilo cachorrinho usando seus membros dianteiros para propulsão, alcançando uma velocidade de até 9,7 km/h. Ao caminhar, o urso-polar tende a ter um andar desajeitado e mantém uma velocidade média de cerca de 48 km/h. Quando em corrida, pode chegar a até 40 km/h.
O urso-polar é o membro mais carnívoro da família. Sua dieta consiste principalmente de focas-aneladas (Phoca hispida), e em menor frequência focas-barbudas (Erignathus barbatus). Outras focas, como a foca-da-groenlândia (Pagophilus groelandicus) e a foca-de-topete (Cystophoca cristata), também podem fazer parte da dieta. Ocasionalmente se alimenta de pequenos mamíferos, aves, ovos, peixes e vegetação (raízes, bagas, musgos e líquens) quando outras fontes não estão disponíveis. Referências escassas relatam ursos atacando belugas (Delphinapterus leucas) e narvais (Monodon monoceros). Oportunista também se aproveita de carcaças de baleias, morsas (Odobenus rosmarus), bois-almiscarados (Ovibos moschatus) e caribus (Rangifer tarandus).
As focas tornam-se presas quando vêm a superfície para respirar em buracos ou quando estão descansando no gelo. Os ursos-polares caçam principalmente na interface entre água e gelo; raramente conseguindo caçar em terra ou em águas abertas. O método mais comum utilizado pela espécie é a "caça de espera". O animal utiliza-se do olfato apurado para localizar um orifício de respiração utilizado pelas focas, e agacha-se próximo em silêncio esperando a foca aparecer. Quando a presa expira, o urso sente a respiração, e atinge o buraco com uma das patas dianteiras, e arrasta o animal para fora do gelo. O urso-polar mata a foca mordendo sua cabeça até esmagar o crânio. O urso-polar também utiliza a "caça por perseguição", que consiste em perseguir as focas que estão descansando sobre o gelo, surpreendendo-as com uma aproximação furtiva e então lançando-se ao ataque. Um terceiro método de caça consiste em invadir os ninhos que as focas fêmeas fazem no gelo para dar a luz e criar os filhotes.
O urso-polar tem um sistema de acasalamento poligâmico e em algumas regiões esse relacionamento é promíscuo. Machos e fêmeas permanecem juntos por um curto período de tempo enquanto as fêmeas estão receptivas, não havendo qualquer outro vínculo entre os sexos.
A estação reprodutiva ocorre no final do inverno e início da primavera, de março até junho. A maioria das ovulações ocorrem em abril e maio, fazendo que o estro não seja sincronizado. As fêmeas entram em estro a cada dois ou três anos após o desmame dos filhotes ou após perderem as crias antes do desmame. Esta associação prolongada entre fêmea e filhotes resulta em uma relação distorcida entre os sexos funcionais, com dois a três machos disponíveis para cada fêmea no cio, levando a uma maior concorrência entre os machos para o acesso às fêmeas no cio. Consequentemente, os machos podem formar hierarquias de dominância, muitas vezes instáveis, através de combates que resultam em mordidas, escoriações e dentes quebrados, especialmente os caninos.
A implantação do óvulo fecundado é retardada até agosto ou setembro, no outono, estendendo a gestação para 195 a 265 dias. Durante a maioria do tempo, o desenvolvimento ativo do concepto é interrompido. Durante esses meses, a fêmea prenhe ingere grandes quantidades de comida, ganhando pelo menos 200 kg e frequentemente mais do que duplicando seu peso corporal. No outono, quando as banquisas começam a se partir acabando com a possibilidade de caça, as fêmeas prenhes constroem um ninho, que consiste em um túnel de entrada estreita que leva a uma ou até a três câmaras, escavando a neve em outubro ou novembro. Os ninhos situam-se a poucos quilômetros da costa (normalmente em até 8 km) e normalmente as mesmas áreas de maternidade são utilizadas a cada ano. Na toca, ela entra em um estado dormente semelhante à hibernação. Este estado não consiste em um sono contínuo, no entanto, os batimentos cardíacos diminuem de 46 para 27 batimentos por minuto. Sua temperatura corporal não diminui durante este período como aconteceria em um típico mamífero que entra em hibernação.