Quaga (nome científico: Equus quagga quagga) é uma subespécie extinta de zebra-da-planície. Muito numerosos no passado, os quagas viviam no sul da África e, ao contrário das outras zebras, apresentavam listras apenas na metade da frente do corpo, enquanto que a traseira era de cor castanha lisa. A extinção dos quagas foi provocada pela caça excessiva por colonos bôeres, que buscavam sua carne e couro. A competição com o gado doméstico por áreas de pastagens também foi um fator que levou a seu extermínio. O último animal na natureza foi caçado em 1878, e o último exemplar, uma fêmea do zoológico Natura Artis Magistra de Amsterdã, morreu em 12 de agosto de 1883.
Com cerca de dois metros e meio de comprimento e 1,35 m de altura até ombro, o quaga se distinguia de outras zebras por seu distinto padrão de listras, de cores marrom e branca, apenas na parte frontal do corpo. A metade posterior da pelagem era marrom-avermelhada e sem listras, parecida com a de um cavalo. A distribuição das listras variava consideravelmente entre os indivíduos. Pouco se sabe sobre o comportamento do quaga, mas ele formava bandos de 30 a 50 indivíduos. Foram descritos como selvagens e vívidos, mas também eram considerados mais dóceis que as zebras-de-burchell. Eles eram encontrados em grande número na região de Karoo da Província do Cabo e na parte sul do Estado Livre de Orange, na África do Sul.
Somente um quaga foi fotografado vivo: uma fêmea que vivia no Zoológico de Londres. São conhecidas cinco fotografias deste indivíduo, todas tiradas entre 1863 e 1870. Atualmente, existem 23 espécimes de quaga empalhados em museus pelo mundo. Além destes, restaram uma cabeça e pescoço montados, um pé, sete esqueletos completos e amostras de vários tecidos. Um vigésimo quarto espécime montado foi destruído em Königsberg, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial; e vários outros esqueletos e ossos foram perdidos ao longo dos anos. Em 1984, o quaga foi o primeiro animal extinto a ter seu DNA analisado. O Projeto Quagga está tentando recriar o fenótipo do padrão de pelagem por meio da reprodução seletiva de zebras-de-burchell, para posterior soltura na área de ocorrência original do quaga.
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Extintos RecentementeDiversos relatos indicam que o quaga media cerca de 2,57 metros de comprimento e 1,25 a 1,35 metros de altura até o ombro. Seu padrão de pelagem era único entre os equídeos: semelhante ao da zebra na frente, porém mais parecido com o do cavalo na parte traseira do corpo. O animal tinha listras marrons na cabeça e no pescoço, lombo marrom, e abdome, cauda e patas brancas. As listras eram mais escuras na cabeça e no pescoço e tornavam-se gradualmente mais claras em direção às espáduas, misturando-se com o marrom avermelhado do dorso e flancos, até desaparecer ao longo do costado. Pode ter possuído um alto grau de polimorfismo, com alguns indivíduos praticamente sem listras e outros com padrões semelhantes à população mais ao sul (já extinta) da zebra-de-burchell, na qual as listras cobriam a maior parte do corpo, exceto a parte traseira, patas e abdome. Os quagas também tinham uma larga faixa dorsal escura, além de uma crina ereta com listras marrons e brancas.
O único quaga fotografado vivo foi uma fêmea que vivia no Zoológico de Londres. São conhecidas cinco fotografias deste indivíduo, todas tiradas entre 1863 e 1870. Com base nessas imagens e nos relatos escritos, vários observadores acreditam que as listras nos quagas eram claras sobre um fundo escuro, ao contrário de outras zebras. Reinhold Rau, pioneiro do Projeto Quagga, afirmou que se trata de uma ilusão de óptica; na verdade, a cor base é branco creme e as listras são grossas e escuras. No entanto, evidências embriológicas sustentam a ideia de que as zebras são de cor escura com posterior surgimento de listas brancas.
Vivendo na região mais ao sul da área de ocorrência das zebras-das-planícies, o quaga tinha uma espessa pelagem de inverno que trocava todo ano. Seu crânio foi descrito como tendo um perfil reto e um diastema côncavo, e como sendo relativamente largo com um occipital estreito. Tal como outras zebras-das-planícies, o quaga não tinha uma papada no pescoço como a da zebra-da-montanha. Um estudo morfológico de 2004 descobriu que as características do esqueleto da população mais ao sul da zebra-de-burchell e do quaga são sobrepostas, e que são impossíveis de ser distinguidas. Alguns exemplares também pareciam ser intermediários entre os dois no que se refere às listras, e alguns indivíduos da população sobrevivente da zebra-de-burchell ainda exibem um padrão de listras limitado. Por conseguinte, pode concluir-se que morfologicamente as duas subespécies são muito parecidas. Hoje, alguns exemplares empalhados de quagas e zebras-de-burchell do sul são tão semelhantes que é impossível identifica-los com precisão, caso não haja registro da localização onde o exemplar foi obtido. As fêmeas utilizadas no estudo eram, em média, maiores que os machos.
O quaga foi a subespécie de zebra-da-planície cuja área de distribuição estava mais ao sul no continente africano; eles viviam principalmente ao sul do rio Orange. Era um animal que pastava, e o alcance de seu habitat era restrito aos campos e ao cerrado árido da região do Karoo na África do Sul, hoje parte das províncias de Cabo Setentrional, Cabo Oriental, Cabo Ocidental e Estado Livre. Estas áreas são conhecidas por suas flora e fauna peculiares e grande quantidade de espécies endêmicas.
Pouco se sabe sobre o comportamento dos quagas na natureza. Além disso, às vezes não fica claro nos relatos antigos sobre qual tipo de zebra o autor está se referindo. A única fonte que descreve de forma inequívoca o quaga na província de Estado Livre é o registro do militar, engenheiro e caçador inglês William Cornwallis Harris. Ele escreveu em 1840:
Quagas eram vistos em rebanhos de 30 a 50 indivíduos e, por vezes, viajavam enfileirados. Eles podem ter sido simpátricos com as zebras-de-burchell entre os rios Vaal e Orange. Esta afirmação é questionada, e não há nenhuma evidência de que eles se acasalavam. Também poderia ter compartilhado uma pequena parte de seu território com a zebra-das-montanhas de Hartmann (Equus zebra hartmannae).
Os quagas foram descritos como animais muito ativos e temperamentais, especialmente os garanhões. Durante a década de 1830, foram usados como animais de tração para carruagens em Londres, e os machos provavelmente eram castrados para mitigar sua natureza volátil. Fazendeiros também os usaram para proteger seus gados, pois geralmente atacavam invasores. Por outro lado, quagas que viviam em cativeiro em zoológicos europeus foram apontados como domáveis e mais dóceis que a zebra-de-burchell. Há relato de um indivíduo que viveu em cativeiro por 21 anos e 4 meses, morrendo em 1872.
Uma vez que a função prática das listras não foi determinada para zebras em geral, não está claro por que o quaga não tinha listras em suas partes traseiras. Uma função críptica para proteção contra predadores (listras obscurecem uma zebra individual no rebanho) e moscas-picadoras (que são menos atraídas por objetos listrados), bem como várias funções sociais, são hipóteses que tem sido propostas para zebras em geral. As diferenças nas listras das partes traseiras podem ter ajudado no reconhecimento intra-específico durante a debandada de rebanhos mistos, de modo que os membros de uma subespécie ou espécie seguiriam sua própria espécie. Também há evidências de que as zebras desenvolveram padrões de listras como termorregulação para se resfriar, e que o quaga os perdeu pois vivia num clima mais frio, embora as zebras-das-montanhas vivam em ambientes semelhantes e têm um padrão listrado bem destacado. Um estudo de 2014 apoiou fortemente a hipótese da mosca-picadora, e o quaga parece ter vivido em áreas com menor quantidade de atividade da mosca do que outras zebras.