Panthera onca
Reino
Filo
Subfilo
Classe
Ordem
Subordem
Família
Género
Espécies
Panthera onca
Tamanho da população
15,000
Vida útil
11-20 years
Velocidade máxima
80
50
km/hmph
km/h mph 
Peso
56-96
123.2-211.2
kglbs
kg lbs 
Altura
63-76
24.8-29.9
cminch
cm inch 
Comprimento
1-1.8
3.3-5.9
mft
m ft 

A onça-pintada (português brasileiro) ou jaguar (português europeu) (nome científico: Panthera onca), também conhecida como onça-preta (no caso dos indivíduos melânicos), é uma espécie de mamífero carnívoro da família dos felídeos (Felidae) encontrada nas Américas. É o terceiro maior felino do mundo, após o tigre e o leão, e o maior do continente americano. Apesar da semelhança com o leopardo (Panthera pardus), a onça-pintada é evolutivamente mais próxima do leão (Panthera leo). Ocorre desde o sul dos Estados Unidos até o norte da Argentina, mas está extinta em diversas partes dessa região atualmente. Nos Estados Unidos, por exemplo, está quase extinta desde do início do século XX, mas ainda ocorre em algumas áreas do Arizona, Novo México e Texas. É encontrada principalmente em ambientes de florestas tropicais, e geralmente não ocorre acima dos 1 200 m de altitude. A onça-pintada está fortemente associada à presença de água e é notável como um felino que gosta de nadar.

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É um felino de porte grande, com peso variando de 56 a 92 quilos, podendo chegar a 158 quilos, e comprimento variando de 1,12 a 1,85 m sem a cauda, que é relativamente curta. Fisicamente semelhante ao leopardo, dele se diferencia pelo padrão de manchas na pele e pelo maior tamanho. Existem indivíduos totalmente pretos. As onças pintadas possuem mandíbulas excepcionalmente fortes, apresentando as mais poderosas mordidas dentre todos os grandes felinos. Isso permite que ela fure a casca dura de répteis como a tartaruga e de utilizar um método de matar incomum: ela morde diretamente através do crânio da presa entre os ouvidos, uma mordida fatal no cérebro.

É um animal crepuscular e solitário. Caça através de emboscadas, sendo um importante predador no topo da cadeia alimentar e pode comer qualquer animal que seja capaz de capturar, desempenhando um papel na estabilização dos ecossistemas e na regulação das populações de espécies de presas. Porém, tem preferência por grandes herbívoros, podendo atacar o gado doméstico. Frequentemente convive com a onça-parda (Puma concolor), influenciando os hábitos e comportamento deste outro felino. A área de vida pode ter mais de 100 quilômetros quadrados, com os machos tendo territórios englobando o de duas ou três fêmeas. A onça-pintada é capaz de rugir e usa esse tipo de vocalização em contextos de territorialidade. Alcança a maturidade sexual com cerca de 2 anos de idade, e as fêmeas dão à luz geralmente a dois filhotes por vez, pesando entre 700 e 900 gramas. Em cativeiro, a onça-pintada pode viver até 23 anos, mais do que em estado selvagem.

A IUCN considera a espécie como "quase ameaçada", por sua ampla distribuição geográfica, mas suas populações estão em declínio, principalmente por causa da perda e da fragmentação do seu habitat. Entretanto, localmente ela pode estar em sério risco de extinção, como em áreas da América Central e do Norte e na Mata Atlântica brasileira. O comércio internacional de onças ou de suas partes é proibido, mas o felino ainda é frequentemente caçado por fazendeiros e agricultores na América do Sul. Apesar de seu número reduzido, a sua distribuição geográfica ainda é ampla e há boas chances de sobrevivência da espécie a longo prazo na Amazônia e no Pantanal. A onça-pintada faz parte da mitologia de diversas culturas indígenas americanas, incluindo as dos maias, astecas e guaranis e a sua caça ainda é uma atividade carregada de simbolismo, principalmente entre os pantaneiros.

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Aparência

A onça-pintada é um animal robusto e musculoso. Tamanho e peso variam consideravelmente: o peso normalmente está entre 56 a 96 kg. Os maiores machos registrados pesavam até 158 kg (tendo o peso de uma leoa ou tigresa), e as menores fêmeas chegavam a ter 36 quilos. As fêmeas são entre 10% a 20% menores que os machos. O comprimento da ponta do focinho até a ponta da cauda varia de 1,12 a 1,85 metro. Sua cauda é a menor dentre os grandes felinos, tendo entre 45 e 75 centímetros de comprimento. Suas pernas são consideravelmente mais curtas se comparadas a um tigre ou leão com mesma massa corporal, mas são mais grossas e robustas. A onça-pintada tem entre 63 cm e 76 cm na altura da cernelha. É o maior felino das Américas e o terceiro maior do mundo, menor apenas que o leão e o tigre.

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Variações no tamanho são observadas ao longo das regiões de ocorrência da onça, com o tamanho tendendo a aumentar nos indivíduos nos limites norte e sul da distribuição geográfica, com os menores indivíduos sendo encontrados na Amazônia e regiões equatoriais adjacentes. Um estudo realizado na Reserva da Biosfera Chamela-Cuixmala na costa do Pacífico no México, reportou medidas de massa corporal ao redor de 50 quilos, não muito maior que uma onça-parda. Em contraste, no Pantanal, a média de peso foi de cerca de 100 kg, e machos mais velhos não raramente chegavam a pesar mais de 130 kg. Onças que ocorrem em ambientes florestais frequentemente são mais escuras na coloração da pelagem e menores do que aquelas encontradas em regiões de campos abertos (como no Pantanal), possivelmente, devido ao menor número de presas de grande porte em florestas.

O crânio pode ter até mais de 27,5 cm de comprimento, mas geralmente tem entre 19 e 26 centímetros, sendo robusto, curto e largo no rostro, principalmente nos machos. Pode apresentar uma crista sagital, especialmente em machos mais velhos. O crânio da onça-pintada é semelhante ao da onça-parda (Puma concolor), mas se diferencia por ser maior e ter o osso nasal em formato côncavo. A anatomia funcional do crânio é semelhante a dos outros grandes felinos: existe um ligamento elástico no aparato hioide, o que permite a onça-pintada rugir. A sínfise mandibular é rígida, o que permite recrutar mais músculos na mastigação. A fórmula dentária na onça-pintada é a mesma para outros felinos:. Os caninos são longos e podem ter 23,5 milímetros de comprimento, mas geralmente, possuem entre 17,5 e 18,6 milímetros de comprimento. Eles servem para segurar e matar as presas.

A forma corporal atarracada e robusta torna a onça-pintada capaz de nadar, rastejar e escalar. A cabeça é grande e a mandíbula é desenvolvida e forte. A onça-pintada possui a mordida mais forte de todos os felinos, capaz de alcançar até 910 kgf e ela pode abrir a boca até a 13,1 centímetros de diâmetro, em um ângulo de 65 a 70 graus. É duas vezes a força da mordida de um leão e só não é maior que a da mordida de uma hiena; tal força é capaz de quebrar o casco de tartarugas. Um estudo comparativo colocou a onça-pintada como em primeiro lugar em força de mordida, ao lado do leopardo-das-neves, e à frente do leão e do tigre. É dito que uma onça é capaz de arrastar um touro de até 360 quilos por 8 m e quebrar ossos com as mandíbulas. A onça-pintada caça grandes herbívoros de até 300 quilos em florestas densas, como a anta (Tapirus terrestris), e seu corpo forte e atarracado é uma adaptação a esse tipo de presa e ambiente, como evidenciado pela morfologia de seu cotovelo e dos membros, o que mostra que ela não costuma correr tanto quanto felinos de áreas abertas. As patas são digitígradas como outros carnívoros e sua estrutura é típica de membros do gênero Panthera. As garras são retráteis, o que faz com que suas pegadas geralmente não apresentem marcas de garras, como outros felinos. A sua pegada é semelhante a da onça-parda, mas não possui os lobos da almofada plantar tão evidentes quanto a deste felino e é nitidamente maior, tendo até 12 centímetros de diâmetro as pegadas das patas dianteiras e 7,5 centímetros as das patas traseiras. Suas pegadas também possuem um aspecto arredondado, sendo mais largas do que redondas, principalmente as pegadas das patas dianteiras.

A cor de fundo da pelagem da onça é amarelo acastanhado (às vezes mais pálido), mas pode chegar ao avermelhado, marrom e preto, para todo o corpo. As áreas ventrais são brancas. A pelagem é coberta por rosetas, que servem como camuflagem, usando o jogo de luz e sombra do interior de florestas densas. As manchas variam entre os indivíduos: rosetas podem incluir um ou várias pintas em seu interior, e a forma das pintas também pode variar. As manchas e pintas da cabeça e pescoço costumam ser sólidas, e na cauda, elas se unem, de forma a aparecer bandas.

Enquanto a onça-pintada lembra o leopardo (Panthera pardus), além dela ser maior e mais robusta, as rosetas são diferentes nessas duas espécies: as rosetas da pelagem da onça-pintada são maiores, menos numerosas, mais escuras, são formadas por linhas mais grossas e possuem pintas no meio delas, que não são encontradas nas rosetas do leopardo. As onças também possuem cabeças maiores e arredondadas, e membros mais atarracados se comparados com os do leopardo.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

A onça-pintada é presente desde o México, passando pela América Central, até a América do Sul, incluindo toda a bacia Amazônica, no Brasil. Os países que a onça-pintada pode ser encontrada são: Argentina, Belize, Brasil, Bolívia, Colômbia, Costa Rica (particularmente na península de Osa), Equador, Guiana Francesa, Guatemala, Guiana, Honduras, México, Nicarágu, Panamá, Paraguai, Peru, Suriname, Estados Unidos e Venezuela. Foi extinta de El Salvador, do Uruguai e de quase toda a Argentina. Ocorre nos 400 quilômetros quadrados da Reserva Natural de Cockscomb em Belize, nos 5 300 quilômetros quadrados da Reserva da Biosfera Sian Ka'an, no México, nos 15 mil quilômetros quadrados do Parque Nacional de Manú no Peru, nos 26 mil quilômetros quadrados do Parque Indígena do Xingu e nos cerca de 1 800 quilômetros quadrados do Parque Nacional do Iguaçu, ambos no Brasil, e em muitas outras unidades de conservação ao longo de sua distribuição.

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A inclusão dos Estados Unidos na lista é baseada em ocorrências casuais no sudoeste do país, nos estados do Arizona, Texas e Novo México. No início do século XX, a onça-pintada ocorria ao norte até o Grand Canyon e a oeste até o Sul da Califórnia. É provável que em tempos pré-históricos, a onça-pintada tivesse uma ampla distribuição pela América do Norte, como fica evidenciado pela existência de fósseis e representações culturais de uma subespécie da região, Panthera onca augusta. Fósseis de onça-pintada, datados em 40 000 a 15 000 anos, mostram a ocorrência dessa espécie na era do Gelo até o Missouri.

A ocorrência em tempos históricos da espécie inclui a metade sul dos Estados Unidos no limite norte, e quase todo continente sul-americano, no limite sul. Atualmente, sua distribuição ao norte recuou mil quilômetros, e ao sul cerca de 1500 km.

A onça-pintada habita tanto florestas tropicais na América do Sul e América Central quanto áreas abertas secas e com inundações periódicas, como o Pantanal. Historicamente, ocorria nas florestas de carvalho dos Estados Unidos. Estudos com armadilhas fotográficas e rádio-colares mostram que elas preferem áreas com densa vegetação, evitando áreas abertas, o que se reflete em uma preferência por áreas de floresta densa e chuvosa, sendo escassa em regiões mais secas, como nos pampas argentinos, nas secas savanas do México, e centro-sul dos Estados Unidos. A onça-pintada é dependente de cursos d'água permanentes, vivendo preferencialmente próximo a rios e pântanos, e é uma boa nadadora, passando parte significativa do dia dentro d'água. Não costuma ocorrer em altitudes acima de 1 200 metros, mas há registros em altitudes de até 3 800 metros na Costa Rica, 2 700 metros na Bolívia e 2 100 metros no Peru.

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Panthera onca Mapa do habitat
Panthera onca Mapa do habitat
Panthera onca
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Hábitos e estilo de vida

A onça-pintada é um superpredador, o que significa que está no topo da cadeia alimentar, e praticamente, seu maior predador é o ser humano. Entretanto, filhotes podem ser mortos por outras onças, jacarés e grandes cobras da família Boidae. É considerada uma espécie-chave nos ambientes em que vive, já que é importante no controle das populações de mamíferos herbívoros e mesopredadores, contribuindo para a manutenção da integridade dos ecossistemas florestais. Entretanto, predizer quel o efeito que a onça-pintada tem no ecossistema é difícil, principalmente no que se diz respeito ao controle de mesopredadores, pois os dados devem ser comparados com ambientes em que ela não ocorre, e controlar o efeito das atividades humanas em tais ambientes. É aceito que mesopredadores aumentam de população na ausência de superpredadores, e pensa-se que isso tem um efeito cascata negativo no ecossistema. Porém, trabalhos de campo mostraram que isso pode ser uma variabilidade natural, e que o aumento populacional não se sustenta. Portanto, a hipótese de uma grande importância ecológica para os superpredadores no controle de mesopredadores não é largamente aceita.

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A onça-pintada também possui um efeito em outros predadores. Ela e a onça-parda (Puma concolor), são frequentemente simpátricos e são estudadas em conjunto. Onde a onça-parda é simpátrica com a onça-pintada, o tamanho da primeira tende a ser menor que o das onça-pintadas locais. Estas últimas tendem a matar presas maiores, geralmente, com mais de 22 quilos, e a onça-parda, menores, entre 2 e 22 quilos. Esta parece ser uma situação vantajosa para a onça-parda. Sua capacidade de expandir seu nicho ecológico, incluindo, de se alimentar de presas menores, a torna mais adaptável que a onça-pintada a ambientes perturbados pelo homem; o que se reflete em sua maior distribuição geográfica e menor risco de extinção. Aparentemente, a onça-pintada e a onça-parda se evitam, mas não se pode afirmar se isso parte dos dois lados, ou apenas de um deles. É provável que a onça-parda evite a onça-pintada, dado o seu maior porte e força.

A onça-pintada é geralmente descrita como um animal noturno, mas é, mais especificamente, crepuscular (pico de atividade é durante a madrugada ou o crepúsculo), como os outros felinos. Entretanto, pode ser observada caçando durante o dia, e a escolha de ser mais ativa à noite ou durante o dia, depende do padrão de atividade de suas presas habituais no local que vive.

Como muitos felinos, a onça-pintada é solitária, exceto quando formam pequenos grupos de mãe e filhotes. Adultos encontram-se somente no período de corte e acasalamento (embora socializações não relacionadas a esses eventos foram observados anedoticamente) e mantém grandes territórios para si. Os territórios das fêmeas podem se sobrepor, mas os animais geralmente se evitam nesses locais. Os territórios dos machos frequentemente englobam o de duas ou três fêmeas, variando o tamanho de acordo com a disponibilidade de recursos, e seus territórios dificilmente se sobrepõem. De fato, os territórios das onças podem variar de tamanho em diversas áreas em que elas são estudadas e pode variar de acordo com as estações do ano, como mostrado em alguns estudos no Pantanal: na fazenda Miranda, os territórios variavam de 92 a 168 quilômetros quadrados e durante a estação chuvosa, as distâncias percorridas pelos animais era bem menores do que na estação seca. Em outra fazenda no Pantanal, Acurizal, em que as cheias são menos severas do que na fazenda Miranda, os territórios eram menores e variavam de 25 a 38 quilômetros quadrados. O mesmo padrão é observado nos llanos da Venezuela.

A onça-pintada usa marcas de arranhões, urina e fezes para marcar território, além de utilizar uma série de vocalizações, incluindo rugidos, para se comunicar. Mas, comparada a outros grandes felinos, a onça-pintada faz isso com menos frequência. Foi observado, em Belize, um aumento significativo nesses comportamentos de marcação de território em áreas de disputa, quando dois machos morreram e animais mais jovens visavam conquistar o território, o que sugere que a territorialidade só é mais evidente em áreas com instabilidade demográfica.

Como outros grandes felinos, a onça é capaz de rugir e faz isso para repelir competidores: ataques com indivíduos intrusos podem ser observados em liberdade. Seu rugido lembra uma repetitiva tosse, e as vocalizações podem consistir também de grunhidos. Brigas por cópulas entre machos podem ocorrer, mas são raras, e comportamentos evitando a agressão podem ser observados. Ambos os sexos caçam, mas os machos se deslocam para mais longe do que as fêmeas, diariamente, o que é condizente com seus grandes territórios. A onça-pintada pode caçar durante o dia se existe caça disponível; é um felino relativamente enérgico, com cerca de 50 a 60% do tempo mantendo-se ativo. A natureza arredia e a inacessibilidade de seus habitats preferidos tornam a onça-pintada um animal difícil de ser avistado e de ser estudado.

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

Como todos os felinos, a onça-pintada é um carnívoro obrigatório, se alimentando somente de carne. É um caçador oportunista, e sua dieta inclui até 87 espécies de animais. A onça pode predar, teoricamente, qualquer vertebrado terrestre ou semiaquático nas Américas Central e do Sul, com preferência por presas maiores. Ela regularmente preda jacarés, veados, capivaras, antas, porcos-do-mato, tamanduás e até mesmo sucuris. Entretanto, o felino pode comer qualquer pequena espécie que puder pegar, como ratos, sapos, aves (principalmente mutuns), peixes, preguiças, macacos e tartarugas. Um estudo conduzido no Santuário de Cockscomb, em Belize, revelou que a dieta das onças era constituída principalmente por tatus (dasipodídeos; clamiforídeos) e pacas. Mas, por ter preferência a áreas próximas a cursos d'água, a onça-pintada acaba se alimentando preferencialmente de ungulados como a queixada (Tayassu pecari) e a anta (Tapirus terrestris).

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Em áreas mais povoadas ou com grande número de pecuaristas, a onça-pintada preda o gado doméstico, e muitas vezes parece ter uma preferência por esse tipo de presa (no Pantanal, foi constatado que até 31,7% de sua alimentação era constituída por bezerros de gado bovino). Porém, apesar de alguns estudos sugerirem que onças que atacam o gado doméstico são machos jovens ou animais velhos, outros têm sugerido que não existe um padrão individual para determinar a preferência das onças em atacar o gado doméstico. Alguns estudos têm sido conclusivos de que a onça-pintada ataca o gado doméstico quando suas presas habituais, como a queixada (Tayassu pecari), tornam-se mais raras.

Pelo grande porte, é capaz de se alimentar até de outros felinos de tamanho menor, como a jaguatirica (Leopardus pardalis), apesar de ser incomum. Outros carnívoros, como o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), o quati (Nasua nasua) e o mão-pelada (Procyon cancrivorus) também podem ser predados pela onça-pintada, e ela é o principal predador desses animais.

A onça-pintada raramente mata com uma mordida no pescoço, sufocando a presa, como é típico entre os membros do gênero Panthera, preferindo matar por uma técnica única entre os felinos: ela morde o osso temporal no crânio, entre as orelhas da presa (especialmente se for uma capivara) com os caninos, acertando o cérebro. Isto também permite quebrar cascos de tartaruga, após as extinções do Pleistoceno, quelônios podem ter se tornado presas abundantes em seu habitat. A mordida na cabeça é empregada em mamíferos, principalmente, enquanto que em répteis, como jacarés, a onça-pintada ataca o dorso do animal, acertando a coluna cervical, imobilizando o alvo. Embora capaz de rachar o casco de tartarugas, a onça pode simplesmente esmagar o escudo com a pata e retirar a carne. Quando ataca tartarugas-marinhas que vão nidificar na praia, a onça ataca a cabeça, e frequentemente decapita o animal, antes de arrastá-la para comer. Ao caçar cavalos, a onça pode pular sobre o dorso, colocar uma pata no focinho e outra na nuca, de forma de deslocar o pescoço. Moradores de ambientes em que ocorre a onça-pintada já contaram anedotas de uma onça que atacou um par de cavalos, e depois de ter matado um, ainda arrastou o outro, ainda vivo.

A onça-pintada caça em espreita e formando emboscadas, perseguindo pouco a presa. O felino anda de forma lenta, ouvindo e espreitando a presa, antes de armar a emboscada ou atacá-la. Ela ataca por cima, através de algum ponto cego da presa, com um salto rápido: as habilidades de espreita e emboscada dessa espécie são consideradas inigualáveis tanto por povos indígenas quanto por pesquisadores, e tal capacidade deve derivar do papel de ser um superpredador nos ambientes em que vive. Quando arma a emboscada, a onça pode saltar na água enquanto persegue a presa, já que é capaz de carregar grandes presas nadando, sua força permite levar novilhos para a copa das árvores.

Após matar a presa, a onça arrasta a carcaça para alguma capoeira ou outro lugar seguro, podendo a arrastar por até 1,5 quilômetro. Começa a comer pelo pescoço e peito, em vez de começar pelo ventre. O coração e pulmões são consumidos, seguidos pelos ombros e ela frequentemente deixa as partes traseiras da carcaça intactas. Entretanto, bezerros podem ser consumidos completamente. Elas raramente cobrem suas carcaças com folhas, o que a diferencia da onça-parda.

A necessidade diária alimentar de um indivíduo com 34 quilos (que é menor peso encontrado em um indivíduo adulto) é de 1,4 quilos. Para animais em cativeiro, pesando entre 50 a 60 quilos, mais de 2 quilos de carne são recomendados. Em liberdade, o consumo é naturalmente mais irregular: felinos selvagens gastam considerável energia e tempo para obter alimento, e podem comer até 25 quilos de carne de uma só vez, seguidos por longos períodos sem se alimentar.

Ao contrário das outras espécies do gênero Panthera, a onça-pintada raramente ataca seres humanos. Não existem casos de onças man-eaters como é reportado para os leopardos. Muitos dos escassos casos reportados mostram que se tratavam de indivíduos velhos ou feridos, com dentes danificados ou em momentos que eram caçadas. Às vezes, se feridas ou ameaçadas, as onças podem atacar os tratadores em zoológicos.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

As fêmeas da onça-pintada alcançam a maturidade sexual com cerca de 2 anos de idade, e os machos entre 3 e 4 anos. Acredita-se que esse felino copule durante todo o ano em estado selvagem, e os nascimentos podem ocorrer durante o ano todo, mas em áreas mais temperadas, eles podem se concentrar no verão. Pesquisas com machos em cativeiro corroboram a hipótese de que os acasalamentos ocorrem durante o ano todo, com nenhuma variação em características do sêmen e da ejaculação: baixo sucesso reprodutivo também tem sido observado em cativeiro. O estro dura entre 6 e 17 dias, em um ciclo de 37 dias, e fêmeas demonstram o período fértil com marcação de urina e aumento nas vocalizações. Ambos os sexos se deslocam mais durante o período da corte.

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O casal se separa após o ato sexual e as fêmeas providenciam todo o cuidado parental. A gestação dura entre 93 e 105 dias: elas podem dar à luz a até quatro filhotes, mas o mais comum é nascerem dois de cada vez. A mãe não tolera a presença de machos após o nascimento dos filhotes, visto o risco de infanticídio: tal comportamento também se observa no tigre. Os filhotes nascem cegos, e abrem os olhos após duas semanas pesando entre 700 e 900 gramas. Os dentes começam a aparecer depois de um mês de idade. São desmamados após três meses, mas podem permanecer no ninho por até 6 meses, quando passam a acompanhar a mãe nas caçadas. A partir de vinte meses de idade eles dispersam do território natal e os machos raramente voltam, enquanto que as fêmeas podem voltar algumas vezes. Os machos também dispersam consideravelmente mais que as fêmeas, indo até 30 quilômetros mais longe que elas. Jovens machos são primeiramente nômades, competindo com outros mais velhos até que conseguem obter um território. Deve-se salientar que essa dispersão se dá antes da maturidade sexual dos indivíduos.

Em estado selvagem, a onça-pintada vive entre 12 e 15 anos de idade, mas em cativeiro, pode viver até mais de 23 anos, sendo um dos felinos com maior longevidade. Foi reportado uma fêmea que viveu até os 30 anos de idade.

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População

Curiosidades para crianças

  • A palavra "jaguar" vem de uma palavra nativa americana "yajuar", que significa "aquele que mata com um salto".
  • Os jaguares tem uma visão seis vezes melhor que a dos humanos à noite e em condições mais escuras, graças a uma camada de tecido na parte de trás dos olhos que reflete a luz.
  • Os jaguares pretos com manchas às vezes são chamados de panteras. No entanto, são na verdade jaguares.
  • Os jaguares abanam as caudas acima da água para atrair peixes.
  • O jaguar consegue mergulhar na água para apanhar presas.
  • Os jaguares que vivem em florestas são mais pequenos e mais escuros que os jaguares em zonas abertas.
  • Ao contrário de outros felinos, o jaguar, ao comer as presas, começa pelo pescoço e pelo peito.

Coloring Pages

Referências

1. Panthera onca artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Panthera_onca
2. Panthera oncano site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/15953/0

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