Anta-brasileira
Reino
Filo
Subfilo
Classe
Família
Género
Espécies
Tapirus terrestris
Tamanho da população
Unknown
Vida útil
30-35 years
Velocidade máxima
48
30
km/hmph
km/h mph 
Peso
150-320
330-704
kglbs
kg lbs 
Altura
77-108
30.3-42.5
cminch
cm inch 
Comprimento
1.8-2.5
5.9-8.2
mft
m ft 

A anta-brasileira ou simplesmente anta (nome científico: Tapirus terrestris), também conhecida por tapir, é um mamífero perissodáctilo da família dos tapirídeos (Tapiridae) e gênero Tapirus. Ocorre desde o sul da Venezuela até o norte da Argentina, em áreas abertas ou florestas próximas a cursos d'água, com abundância de palmeiras.

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É o maior mamífero terrestre do Brasil e o segundo da América do Sul, tendo até 300 quilos de peso e 242 centímetros de comprimento. Se diferencia das outras espécies do gênero Tapirus por possuir uma crista sagital proeminente e uma crina. Apresenta uma probóscide, que é usada para coletar alimento. É o último animal da megafauna na Amazônia e possui uma dieta frugívora, e tem um papel importante na dispersão de sementes, principalmente de palmeiras. Seus predadores são grandes felinos como a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor). É um animal solitário e vive em territórios de 5 quilômetros quadrados de área, em média. A anta tem reprodução lenta, com uma gestação que pode durar mais de 400 dias e parem apenas um filhote por vez, que pesa entre 3,2 e 5,8 quilos. Podem viver até 35 anos de idade.

A anta é listada como vulnerável pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais, mas seu estado de conservação varia ao longo de sua distribuição geográfica sendo crítica na Argentina, nos llanos da Colômbia e regiões da Mata Atlântica brasileira. Desapareceu no limite sul de sua distribuição geográfica, da Caatinga e das regiões próximas aos Andes. É ameaçada principalmente pela caça predatória (por ter um ciclo reprodutivo muito lento) e conversão de seu habitat em campos cultivados. Apesar disso, ainda ocorre em muitas unidades de conservação e em zoológicos.

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Aparência

É o maior mamífero do Brasil e o segundo da América do Sul (sendo menor apenas que Tapirus bairdii), medindo entre 191 e 242 centímetros de comprimento, com a cauda tendo menos de 10 centímetros nessa medida. A altura na cernelha dos machos está entre 83 e 118 centímetros, sendo que as fêmeas atingem entre 83 e 113 centímetros. O peso está entre 180 e 300 quilos, e as fêmeas tendem a ser maiores que os machos: em média, elas atingem 233 quilos, ao passo que eles atingem 208 quilos. Apesar disso, não parecem existir diferenças osteológicas significativas entre os sexos.

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É distinguível dos outros tapirídeos por apresentar uma crina, que vai desde o pescoço até a fronte da cabeça, em cima de uma crista sagital. Ela apresenta um padrão único no desenvolvimento, emergindo do topo do crânio, e não a partir de cristas parassagitais no osso temporal, como nas outras três espécies de tapirídeos. A ontogênese da crista sagital está relacionada ao tamanho do músculo temporal, que é desenvolvido e extenso em sua origem, mesmo em recém-nascidos. A pele é mais grossa na nuca e, abaixo da epiderme, há uma camada de tecido fibroso. Os adultos possuem cor marrom-escura, ao passo que os juvenis são marrons com listras horizontais brancas. As pontas das orelhas são brancas.

A fórmula dentária é. Os incisivos possuem forma de talhadeira: o terceiro incisivo superior se parece com um canino e o terceiro incisivo inferior é reduzido. Os caninos são cônicos e separados dos pré-molares por um diastema. Os pré-molares são muito semelhantes aos molares. Os molares são lofodontes, visto ter uma dieta frugívora.

Apresenta uma probóscide, usada para pegar frutas e folhas. A probóscide não tem parte óssea, cartilaginosa e nem musculatura intrínseca. Em contrapartida, o tecido do lábio superior é adaptado de tal forma que permite o surgimento de uma estrutura móvel e flexível. Os músculos envolvidos na movimentação da probóscide são os músculos levantador do lábio superior, levantador nasolabial, levantador do ângulo da boca e nasal lateral. A probóscide da anta é a mais curta dentre todos os tapirídeos.

É um ungulado não ruminante, possuindo um intestino típico de animais fermentadores, como o cavalo, com o ceco bastante desenvolvido. Como os outros perissodáctilos, perdeu o primeiro dígito dos membros anteriores, e apoiam o peso do corpo apenas no terceiro dedo. O segundo e terceiro dedos são menores, e o quinto dedo não toca o chão, a menos que caminhe em ambientes arenosos ou demasiadamente lamacentos.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

A anta ocorre desde o sul da Venezuela até o norte da Argentina, habitando também o Chaco paraguaio e todo o Brasil. Sua distribuição diminuiu nos limites sul, na Argentina, principalmente por conta da caça e perda de habitat. Provavelmente foi extinta na Caatinga e no Chaco seco, de forma que agora ela está praticamente restrita às áreas mais úmidas no Pantanal e Amazônia. É provável que suas densidades tenham sido baixas na Caatinga, ocorrendo em apenas algumas áreas úmidas em zonas de transição desse bioma com outros, como a Mata Atlântica.

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Habita áreas florestadas ou abertas próximas a cursos d'água permanentes, preferindo áreas com abundante vegetação ripária. Pode ser encontrada a até 1 500 metros de altitude, no Equador, e em outras localidades a até 1 700 metros. Durante o dia, se abriga nas florestas e, à noite, pode ir a descampados forragear. Ao longo das áreas em que ocorre, a presença de palmeiras é um fator importante para o estabelecimento de antas. Na Mata Atlântica brasileira, a espécie habita áreas abundantes em palmito-juçara (Euterpe edulis) ou jerivá (Syagrus romanzoffiana) (principalmente na floresta estacional semidecidual); no nordeste do Pantanal, áreas ricas na palmeira-bacuri (Scheelea phalerata) e na Amazônia e Cerrado, em buritizais (Mauritia flexuosa).

Em áreas alteradas pelo homem, a anta pode ser encontrada em campos cultivados e em plantações de Eucalyptus, provavelmente utilizando essas áreas de forma oportunista, seja como corredor entre fragmentos de floresta, seja para procurar comida. De forma geral, essas áreas são evitadas pela anta.

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Anta-brasileira Mapa do habitat

Zonas climáticas

Anta-brasileira Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

A anta-brasileira, um grande mamífero não ruminante e frugívoro, é o último elemento da megafauna na Amazônia e constitui-se em um importante dispersor de sementes. Isso se deve principalmente porque a anta defeca na água, o que faz com que o seu padrão de dispersão também seja único. Nesse contexto, ela é um animal especialmente importante na manutenção das florestas de palmeiras na América do Sul, principalmente dos buritizais na Amazônia e Cerrado.

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É um animal tipicamente crepuscular e solitário, sendo visto aos pares quando no período de estro das fêmeas e em unidades familiares (sem machos adultos) quando estão com filhotes. Em ambientes perturbados pelo homem, pode se tornar estritamente noturna. É capaz de nadar muito bem, inclusive em rios amplos, como o rio Amazonas. Quando anda de forma lenta, sua postura é característica, com a cabeça abaixada, mas quando corre a mantém levantada. Frequentemente, convive com outros animais frugívoros, como a queixada (Tayassu pecari), o caititu (Pecari tajacu) e o veado-mateiro (Mazama americana), mas não necessariamente se alimentam dos mesmos frutos. Na Colômbia, convive com outra espécie do gênero Tapirus, o tapir-centro-americano (Tapirus bairdii).

Seus predadores são grandes felinos como a onça-pintada (Panthera onca) e a onça-parda (Puma concolor), que predam principalmente os filhotes. Foi constatada a presença de ectoparasitas, como carrapatos do gênero Amblyomma, que são bastante comuns no Neotrópico e inúmeras espécies de nemátodos.

As antas são animais solitários e possuem baixas densidades nos locais em que habitam. Os poucos estudos feitos na natureza mostram que existe variação no território e área de vida desse ungulado. Mas, de forma geral, elas variam entre 1 e 14 quilômetros quadrados, com alguns estudos no Parque Nacional de Brasília mostrando áreas de até 39 quilômetros quadrados. Em média as áreas ocupadas pelas antas têm pouco mais de 4 quilômetros quadrados. As diferentes áreas de vida ocupadas pelos indivíduos podem se sobrepor em até 30%.

Pouco se sabe sobre o comportamento social das antas, principalmente na natureza. Foram reportadas quatro tipos de vocalizações, emitidas em contextos específicos: um guincho estridente e flutuante é emitido durante dor e medo; guinchos de baixa frequência e curta duração são emitidos durante comportamento exploratório; sons parecidos com "cliques" parecem usados em contextos de contato social e bufos violentos são sons de ameaça durante encontros agonísticos. A marcação com cheiro também é uma importante forma de comunicação entre os indivíduos, utilizando tanto a urina, como secreções em duas glândulas localizadas na face para fazer isso.

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Comportamento sazonal

Dieta e nutrição

São animais frugívoros, muito importantes na dispersão de sementes, engolindo-as e depois as liberando pelas fezes. Forrageiam principalmente em clareiras ou em áreas próximas a cursos d'água. Estudos na Venezuela mostraram que a anta prefere comer plantas em clareiras ou em floresta secundária, como forma de evitar as defesas das plantas (como espinhos) em áreas com vegetação mais densa.

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Podem se alimentar de até 42 espécies de vegetais: em fragmentos de Mata Atlântica, as mais frequentes são das famílias Rubiaceae, Melastomataceae e Arecaceae. Na parte brasileira da Amazônia, a alimentação se constitui principalmente de frutos e sementes de plantas da família Fabaceae, Araceae e Anacardiaceae. Mas, de forma geral, a anta possui preferência pelos frutos de palmeiras, como o buriti (Mauritia flexuosa), o palmito-juçara (Euterpe edulis), o jerivá (Syagrus romanzoffiana), o inajá (Attalea maripa) e o patauá (Oenocarpus bataua).

No Cerrado e em zonas de transição dessa vegetação com a Mata Atlântica, a anta se alimenta predominantemente de folhas e brotos. Mesmo nessas regiões, pode se alimentar de pequenos frutos de rubiáceas e melastomatáceas, já que são maioria nos estratos mais baixos da floresta. Em regiões alagadas do Pantanal e da Amazônia, se alimentam de plantas aquáticas. No Peru, confirmou-se a predominante frugivoria da anta, já que até 33% da dieta era composta por frutos: é uma porcentagem alta para um não ruminante. Nesse habitat, a anta costuma forragear em florestas de palmeiras, se alimentando principalmente de frutos de buriti (M. flexuosa). Nesse mesmo estudo, foi mostrado que os frutos ingeridos pela anta têm entre 1 a 3 milímetros de diâmetro, alcançando no máximo 50 milímetros.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

O sistema de acasalamento da anta não foi devidamente definido. É bem provável que exista uma poliginia, pois existe uma tendência de monopólio de territórios de fêmeas por poucos machos. Entretanto, durante o estro, é observada a formação de um par monogâmico. A anta não possui sazonalidade na reprodução e possui vários estros em um ano. A fêmea entre no cio a cada 50 a 80 dias, e ele dura cerca de dois dias. O nascimento de filhotes ocorre a cada 15 meses, em cativeiro.

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A corte de caracteriza por uma aproximação do macho, que cheira e lambe a vulva da fêmea e exibe o reflexo flehmen. O macho tenta se aproximar, mas nas primeiras tentativas a fêmea corre, que é perseguida por ele, que tenta montá-la várias vezes. Isso pode durar por até quatro horas. A partir do momento em que a fêmea se mantém parada enquanto o macho monta em sua anca, a cópula começa. A fêmea abaixa os quadris no momento da cópula, que dura cerca de um minuto. Após o coito, a fêmea pode andar calmamente, seguida de perto pelo macho, que eventualmente a toca e podem descansar juntos, mas a fêmea também pode se comportar de forma agressiva ao macho. A cópula pode ocorrer tanto dentro, quanto fora da água, em animais em liberdade.

A gestação dura entre 335 e 439 dias e pode ser obviamente detectada a partir de 6 ou 7 meses e parem um filhote por gestação. Aparentemente, as fêmeas só passam a ter filhotes a partir dos 23 meses de idade e podem continuar tendo crias até os 28 anos de idade. Mas, a maturidade sexual é atingida completamente com cerca de 3 ou 4 anos de idade. Ter uma gestação longa que resulta em apenas um filhote torna o ciclo reprodutivo da anta extremamente lento. Os filhotes nascem pesando entre 3,2 e 5,8 quilogramas, e apresentam listras horizontais brancas no corpo, que desaparecem na quando completam 5 ou 8 meses de idade. Eles passam a comer alimentos sólidos já nos primeiros dias após o nascimento, mas só são efetivamente desmamados depois de 10 meses de idade. A longevidade em cativeiro é estimada em até 35 anos.

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População

Coloring Pages

Referências

1. Anta-brasileira artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Tapirus_terrestris
2. Anta-brasileirano site da Lista Vermelha da IUCN - http://www.iucnredlist.org/details/21474/0

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