Gavião-real

Gavião-real

Cutucurim, Gavião-de-penacho, Harpia, Uiraçu, Uiracuir, Uiruuetê, Uraçu, Águia-brasileira, Uiraçu-verdadeiro

Reino
Filo
Classe
Família
Subfamília
Género
Espécies
Harpia harpyja
Tamanho da população
20-50 Thou
Vida útil
25-35 years
Velocidade máxima
81
50
km/hmph
km/h mph 
Peso
4-9
8.8-19.8
kglbs
kg lbs 
Comprimento
86.5-107
34.1-42.1
cminch
cm inch 
Envergadura
176-224
69.3-88.2
cminch
cm inch 

O gavião-real (nome científico: Harpia harpyja), também chamado cutucurim, gavião-de-penacho, harpia, uiraçu, uiracuir, uiruuetê, uraçu, águia-brasileira ou uiraçu-verdadeiro, é uma ave acipitriforme da família dos acipitrídeos (Accipitridae). É a maior e mais poderosa ave de rapina encontrada em toda a sua extensão e está entre as maiores espécies de águias existentes no mundo. Geralmente habita florestas tropicais de baixa altitude na camada superior (emergente) do dossel. A destruição de seu habitat natural fez com que desaparecesse de muitas partes de seu antigo território e está quase extirpado de grande parte da América Central.

Aparência

A parte superior do gavião-real é coberta com penas pretas, e a parte inferior é principalmente branca, com exceção dos tarsos emplumados, que são listrados de preto. Uma larga faixa preta na parte superior do peito separa a cabeça cinzenta da barriga branca. A cabeça é cinza pálido e é coroada com uma crista dupla. A parte superior da cauda é preta com três faixas cinzas, enquanto a parte inferior é preta com três faixas brancas. As íris são cinzentas, castanhas ou vermelhas, a cera e o bico são pretos ou enegrecidos e os tarsos e dedos são amarelos. A plumagem de machos e fêmeas é idêntica. O tarso atinge até 13 centímetros de comprimento.

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Os gaviões-reais fêmeas geralmente pesam de seis a nove quilos. Uma fonte afirma que as fêmeas adultas podem pesar até 10 quilos. Uma fêmea cativa excepcionalmente grande, chamada "Jezebel", pesava 12,3 quilos. Estando em cativeiro, esta grande fêmea pode não ser representativa do peso possível em gaviões selvagens devido às diferenças na disponibilidade de alimentos. O macho, em comparação, é muito menor, variando de quatro a seis quilos. O peso médio dos machos foi relatado como 4,4 a 4,8 quilos contra uma média de 7,3 a 8,3 quilos para fêmeas adultas, uma diferença de 35% ou mais na massa corporal média. Os gaviões-reais podem medir de 86,5 a 107 centímetros de comprimento total e com uma envergadura de 176 a 224 centímetros. Entre as medidas padrão, a corda da asa mede 54 a 63 centímetros, a cauda mede 37 a 42 centímetros, o tarso tem 11,4 a 13 centímetros comprimento, e a cimeira exposta da cera tem de 4,2 a 6,5 centímetros. O tamanho médio da garra é de 8,6 centímetros nos machos e 12,3 centímetros nas fêmeas.

Essa ave é citada como a maior águia ao lado da águia-filipina, que é um pouco mais longa em média (com média de um metro de comprimento), mas pesa um pouco menos, e o pipargo-gigante (Haliaeetus pelagicus), que talvez seja um pouco mais pesado em média (a média de três aves assexuadas foi de 7,75 quilos). O gavião-real pode ser a maior espécie de ave da América Central, e grandes aves aquáticas, como pelicanos-americanos (Pelecanus erythrorhynchos) e jaburus (Jabiru mycteria) tenham massas corporais médias apenas um pouco mais baixas. A envergadura do gavião-real é relativamente pequena, embora as asas sejam bastante largas, uma adaptação que aumenta a manobrabilidade em habitats florestais, sendo uma característica compartilhada por outras aves de rapina em habitats semelhantes. A envergadura do gavião-real é superada por várias grandes águias que vivem em habitats mais abertos, como as dos gêneros Haliaeetus e Aquila. A Águia-de-haast (Harpagornis moorei) extinta era significativamente maior do que todas as águias existentes, incluindo o gavião-real.

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Vídeo

Distribuição

Geografia

Raro em toda a sua extensão, o gavião-real é encontrado desde o México, passando pela América Central e América do Sul até o sul da Argentina. Nas florestas tropicais, vive na camada emergente. É mais comum no Brasil, onde é encontrada em todo o território nacional. Com exceção de algumas áreas do Panamá, a espécie está quase extinta na América Central, após o corte de grande parte da floresta tropical lá (tendo sido completamente extirpada de El Salvador, por exemplo). O gavião-real habita florestas tropicais de várzea e pode ocorrer dentro dessas áreas desde o dossel até a vegetação emergente. Geralmente ocorre abaixo de uma altitude de 900 metros, mas indivíduos já foram registrados em altitudes de até 2 000 metros. Dentro da floresta tropical, caça no dossel ou às vezes no chão, e pousa em árvores emergentes em busca de presas. Geralmente não ocorrem em áreas ocupadas pelo homem, mas visita regularmente o mosaico floresta/pastagem semiaberto, principalmente em incursões de caça. Os gaviões-reais podem ser encontradas sobrevoando as fronteiras da floresta em uma variedade de habitats, como cerrados, caatingas, palmeiras de buriti, campos cultivados e cidades.

Gavião-real Mapa do habitat

Zonas climáticas

Gavião-real Mapa do habitat

Hábitos e estilo de vida

Comportamento sazonal
Canto do pássaro

Dieta e nutrição

O gavião-real adulto é um carnívoro no topo da cadeia alimentar, cuja velocidade máxima de voo pode atingir 80 km/h. Todavia, foi notado que dois gaviões-reais jovens que estavam sendo soltas na natureza como parte de um programa de reintrodução foram caçados por uma onça-pintada (Panthera onca) e uma jaguatirica (Leopardus pardalis). Os gaviões-reais possuem as maiores garras de todas as águias viva e foram registrados como levantando presas que pesam o mesmo que seu próprio peso corporal. Isso permite que elas capturem preguiças vivas, assim como outras presas proporcionalmente grandes. Mais comumente, os gaviões-reais usam a tática de caça de poleiro, na qual escaneiam a atividade das presas enquanto empoleiram-se brevemente entre voos curtos de árvore em árvore. Ao avistar a presa, o gavião-real mergulha rapidamente e a agarra. Às vezes, os gaviões-reais executam predação do tipo "sentar e esperar" (comuns em aves de rapina que vivem na floresta), pousando por longos períodos em um ponto alto perto de uma abertura, um rio ou uma salina, onde muitos mamíferos vão para obter nutrientes. Ocasionalmente, eles também podem caçar voando dentro ou acima do dossel. Eles também foram observados em perseguições aéreas: perseguindo outras aves em voo, esquivando-se rapidamente entre árvores e galhos, um estilo de predação comum aos falcões do gênero Accipiter que caçam pássaros.

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Os machos geralmente pegam presas relativamente menores, com um intervalo típico de 0,5 a 2,5 quilos ou cerca de metade do seu próprio peso. As fêmeas maiores pegam presas maiores, com um peso mínimo de presas registrado de cerca de 2,7 quilos. Os gaviões-reais adultos pegam regularmente grandes bugios (Alouatta) machos, macacos-aranha (Ateles) ou bichos-preguiça (Folivora) pesando de seis a nove quilos em voo. As presas levadas para o ninho pelos pais são normalmente de tamanho médio, tendo sido registradas presas de um a quatro quilos. As presas trazidas para o ninho por machos pesavam em média 1,5 quilo, enquanto a presa trazida para o ninho pelas fêmeas tiveram uma média de 3,2 quilos. Em outro estudo, aves não nidificantes pegaram presas em média de 4,24 quilos, mais do que a média das nidificantes, de 3,64 quilos, com espécies de presas estimadas em peso médio de 1,08 quilos (para gambá-comum (Didelphis marsupialis)) a 10,1 quilos (para o mão-pelada (Procyon cancrivorus) adulto). No geral, as presas do gavião-real pesam entre 0,3 a 6,5 quilos, com o tamanho médio de presa igual a 2,6 ± 0,8 quilos Uma recente revisão de literatura e pesquisa usando armadilhas fotográficas lista um total de 116 espécies diferentes de presas. Uma pesquisa realizada por Aguiar-Silva entre 2003-05 em um local de nidificação em Parintins, Amazonas, coletou restos de presas oferecidas ao filhote. Os pesquisadores descobriram que 79% das presas eram compostas por preguiças de duas espécies: 39% preguiça-comum (Bradypus variegatus) e 40% de preguiça-real (Choloepus didactylus). Pesquisa semelhante no Panamá, onde dois subadultos criados em cativeiro foram liberados, descobriu que 52% das capturas do macho e 54% das fêmeas eram de duas espécies de preguiça (preguiça-comum e Choloepus hoffmanni).

Em vários ninhos na Guiana, os macacos constituíam cerca de 37% dos restos de presa encontrados nos ninhos. Da mesma forma, os macacos-prego (Sapajus) compuseram 35% dos restos encontrados em 10 ninhos na Amazônia equatoriana. Macacos capturados regularmente incluem macacos-prego, parauacus (Pithecia), bugios, guigós (Callicebus), saimiris e macacos-aranha. Macacos menores, como micos (Saguinus) e saguis (dos gêneros Callithrix, Callibella, Cebuella, Mico) são aparentemente ignorados como presas por esta espécie. Gaviões-reais machos geralmente caçam macacos pequenos ou jovens, mas as gaviões-reais fêmeas adultos são conhecidos por matar macacos maiores como macaco-barrigudo-cinzento (Lagothrix cana), Alouatta palliata e Ateles chamek, que pode pesar até 9 quilos. Até mesmo os maiores macacos da América do Sul, como o macaco-aranha-preto adulto (Ateles paniscus), que pode pesar entre 7,5 e 13,5 quilos pode ser vítima do gavião-real. Em outro estudo, gaviões-reais reprodutores caçaram Alouatta pigra que podem pesar de 6,4 a 11,3 quilos, embora sejam desconhecidas as idades dos macacos capturados por esses gaviões-reais.

Outros mamíferos parcialmente arborícolas e até terrestres também são predados dada a oportunidade, incluindo porcos-espinho (eretizontídeos), esquilos, gambás (didelfiídeos), tamanduás (vermilíngues), tatus (dasipodídeos e clamiforídeos) e animais carnívoros, como juparás (Potos flavus), quatis (Nasua), iraras (Eira barbara) e, ocasionalmente, gatos-maracajás (Leopardus wiedii) e graxains-do-mato (Cerdocyon thous). Há um relato de gaviões-reais atacando jaguatiricas adulta e mãos-peladas. No Pantanal, um par de águias nidificantes predava em grande parte porcos-espinho (Coendou prehensilis) e cutias (Dasyprocta azarae). O gavião-real também pode atacar espécies de aves, como as araras: no campo de pesquisa de Parintins, a arara-vermelha (Ara chloropterus) compunha 0,4% das presas, com outras aves no valor de 4,6%. Outros papagaios também são predados, assim como cracídeos como mutuns e outras aves como seriemas (cariamídeos). Em uma ocasião, um juvenil dependente aprendeu rapidamente a caçar urubus-de-cabeça-preta (Coragyps atratus). Itens de presas adicionais relatados incluem répteis como iguanas, teiús (Tupinambis) e cobras. O gavião-real já foi registrado atacando animais de criação, incluindo galinhas, cordeiros, cabras e porcos jovens, mas isso é extremamente raro em circunstâncias normais. Eles controlam a população de mesopredadores, como os macacos-prego, que atacam amplamente os ovos das aves e que (se não controlados naturalmente) podem causar extinções locais de espécies sensíveis.

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Hábitos de acasalamento

Comportamento de acasalamento

Os gaviões-reais, como as águias em geral, são monogâmicos e formam pares unidos por toda a vida, mas, exceto durante a época de reprodução, os parceiros têm cada um seu próprio território de caça e só se reúnem para acasalar. Em algumas partes do Panamá e da Guiana, ninhos ativos foram localizados a três quilômetros de distância um do outro, enquanto estão a cinco quilômetros um do outro na Venezuela. No Peru, a distância média entre ninhos foi de 7,4 quilômetros e a área média ocupada por cada casal reprodutor foi estimada em 4 300 hectares. Em áreas menos ideais, com floresta fragmentada, os territórios de reprodução foram estimados em 25 quilômetros. O gavião-real fêmea põe dois ovos brancos em um grande ninho de gravetos forrado com folhas e musgo, que geralmente mede 1,2 metro de profundidade e 1,5 metro de diâmetro e pode ser usado por vários anos. Os ninhos se localizam no alto de árvores, geralmente na bifurcação principal, entre 16 a 43 metros, dependendo da estatura das árvores locais. O gavião-real costuma construir seu ninho na copa das mafumeiras (Ceiba pentandra), uma das árvores mais altas da América do Sul. Em muitas culturas sul-americanas, cortar a mafumeira é considerado má sorte, o que pode ajudar a proteger o habitat desta águia. A ave também usa outras árvores grandes para construir seu ninho, como a castanheira-do-pará (Bertholletia excelsa). Um local de nidificação encontrado no Pantanal brasileiro foi construído em uma árvore de cambará (Vochysia divergens).

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A época de reprodução estende-se de junho a novembro. Não se conhece nenhum tipo de exibição entre os pares de gaviões-reais, e acredita-se que acasalem por toda a vida. Um par de gaviões-reais geralmente cria apenas um filhote a cada 2-3 anos. Após a eclosão do primeiro pintinho, o segundo ovo é ignorado e normalmente não eclode, a menos que o primeiro filhote morra. O ovo é incubado por volta de 56 dias. Quando o filhote tem 36 dias de idade, pode ficar de pé e andar desajeitadamente. O pintinho empluma aos 6 meses, e os pais continuam a alimentá-lo por mais 6 a 10 meses. O macho captura grande parte da comida à fêmea que incuba o ovo, e depois apara o seu filhote, mas também faz turnos de incubação enquanto a fêmea forrageia, enquanto ela traz presas de volta ao ninho. A maturidade reprodutiva não é alcançada até que as aves tenham 4 a 6 anos de idade. Os adultos podem ser agressivos com humanos que perturbam o local de nidificação ou que pareçam ser uma ameaça para seus filhotes.

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População

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Referências

1. Gavião-real artigo na Wikipédia - https://pt.wikipedia.org/wiki/Gavi%C3%A3o-real
2. Gavião-realno site da Lista Vermelha da IUCN - https://www.iucnredlist.org/species/22695998/117357127
3. Canto do pássaro - https://xeno-canto.org/705437

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