Lobo-marinho-subantártico
O lobo-marinho-de-peito-branco, ou lobo-marinho-subantártico, (nome científico: Arctocephalus tropicalis) é encontrado na parte sul dos oceanos Índico, Pacífico e Atlântico, sendo suas colônias reprodutivas mais próximas localizadas no arquipélago de Tristão da Cunha.
Durante a temporada de inverno, os machos permanecem no mar, chegando à praia apenas na primavera para se reproduzir. As fêmeas com filhotes dependentes realizam viagens de forrageamento em intervalos durante o ano para alimentar seus filhotes. No verão, as fêmeas passam aproximadamente 6 a 10 dias no mar durante uma única viagem de forrageamento e, no inverno, as crises de caça aumentam para cerca de 23 a 28 dias. Entre viagens de forrageamento, as fêmeas passam cerca de 4 dias em terra com filhotes. Elas preferem praias rochosas com pedras abundantes e sombra. Os adultos podem mergulhar uma média de 16 a 19 m de profundidade em águas acima de 14 graus Celsius por até 4 minutos.
As distâncias percorridas pelo lobo-marinho-de-peito-branco variam de acordo com a estação. As distâncias de forrageamento de até 600 km afastados do viveiro ocorrem durante o verão; estes aumentam para até 1800 km durante o inverno. Este aumento na distância de forrageamento do verão para o inverno coincide com um aumento na quantidade de tempo que as fêmeas passam no mar.
Esse mamífero constitui a família Otariidae e foi descrito pela primeira vez por Gray em 1872 a partir de uma amostra encontrada no Norte da Austrália, por isso o inapropriado termo "tropicallis". Sua ocorrência no Brasil foi mencionada pela primeira vez baseada em dois exemplares encontrados no litoral norte do Rio Grande do Sul.
Na linguagem popular essa espécie é conhecida como lobo-marinho-de-peito-branco e diferencia-se do leão-marinho pelo porte menor, focinho alongado e pelagem mais macia. Sua coloração varia de um modo geral em tons de cinza e marrom.
Todavia, a sua pelagem nas regiões do peito, garganta e face apresentam cor pardo-amarelada. Além disso, ele também possui uma mecha de pelos no alto da cabeça, semelhante a um topete.
Dentre as nove espécies de lobo-marinho existentes, o lobo-marinho-subantártico possui tamanho médio. O macho pode possuir 2 metros de comprimento e pesa em média 160 Kg, enquanto a fêmea tem altura próxima de 1,40 metros e pesagem de cerca de 50 Kg.
O lobo marinho apresenta corpo fusiforme (formato de fuso, ou seja, mais encorpado no centro e mais fino nas extremidades) e totalmente coberto por pelos, que são anualmente renovados. A cauda é reduzida e aparentemente sem função.
Outra característica dessa espécie é a presença de orelhas e o apoio nos membros anteriores durante a locomoção.
Durante viagens em busca de alimentos, as fêmeas dessa espécie utilizam um recurso denominado comunicação auditiva para encontrar e identificar seus filhotes. Isso consiste em uma "chamada de contato" à qual centenas de filhotes respondem. Dessa maneira, ela deve distinguir a resposta dos seus descendentes das demais, o que é possível porque cada filhote tem um chamado único reconhecido pela mãe. A mãe usa a visão e o olfato em menor escala para verificar a identidade do filhote antes de amamentar. Os machos utilizam comunicação auditiva, visual e tátil enquanto competem por territórios reprodutores. Eles usam vocalizações, dominância postural e exibições de ameaças, além de participar de lutas físicas.
As fêmeas adultas do lobo-subantártico passam grande parte do tempo alimentando sua prole. Depois de dar a luz a um filhote, as fêmeas alternam-se em busca de alimento no mar e na terra para prover seus filhos. Antes do desmame, os filhotes permanecem no viveiro. Eles passam tempo tanto em terra quanto na água, contudo, à medida que envelhecem, os filhotes reduzem o seu tempo mergulhando. Isso ocorre porque, como as fêmeas passam mais tempo procurando alimento, os filhotes precisam esperar entre as mamadas e, portanto, têm menos energia à medida que o ano avança. À medida que crescem, os filhotes são capazes de mergulhar progressivamente mais fundo na água.
Os machos passam a maior parte do ano no mar ou em colônias ociosas com outros machos, arrastando-se para os territórios de reprodução no início do verão para acasalar. Contudo, quando estão em terra, os machos exibem pouca atividade fora da época de reprodução. O padrão de atividade dos machos não reprodutores é muito dependente da temperatura ambiente. As focas subantárticas são fortes termorreguladores (aquele que tende a manter um corpo em uma temperatura específica, independentemente da temperatura ambiental), devido à sua gordura espessa. Como tal, quando a temperatura ambiente se torna alta, o corpo têm que ajustar seu comportamento para lidar com isso. Quando as temperaturas circundantes são inferiores a 18,5 graus Celsius, os machos são noturnos, ou seja, durante esse tempo eles deixam a terra para forragear à noite, e retornam no final da manhã. No entanto, quando as temperaturas ambientes são mais altas, seu padrão de atividade se torna diurno, isto é, eles deixam a terra ao meio-dia, quando as temperaturas estão altas, esfriando-se na água, e saem à noite para descansar.
A espécie tem como itens alimentares peixes, crustáceos, pinguins e cefalópodes. Ademais seus principais predadores são as orcas (Orcinus orca) e a foca-leopardo (Hydrurga leptonyx).
A duração média do período de gestação desses mamíferos consiste em cerca de 11 a 12 meses. Após o nascimento, os filhotes de lobos marinhos permanecem com as mães até um ano de idade.
Normalmente, a cópula ocorre em terra e as fêmeas concebem um filhote anualmente, cujo tempo de lactação é de 3 a 24 semanas.
Os lobos subantárticos são poligâmicos com um sistema de acasalamento de harém, no qual os machos defendem territórios contendo de 6 a 20 fêmeas. Os machos vêm para a costa em outubro e competem por territórios. É nesse momento que os machos grandes estabelecem seus territórios nos quais receberão as fêmeas. Eles defenderão seu território e harém até que todas as fêmeas tenham sido acasaladas. Os filhotes nascem na primavera e no verão do hemisfério Sul (outubro a janeiro). O acasalamento ocorre uma vez por ano, aproximadamente 8 a 12 dias após o parto. Os machos são férteis somente nesse período, conservando energia durante o inverno. Para isso, interrompem a produção de espermatozoides durante a "entressafra". Uma fêmea concebe uma criança por estação após um período de gestação de 51 semanas. Embora existam casos documentados de uma fêmea reproduzindo gêmeos com sucesso, essa é uma ocorrência rara. Os filhotes de lobo-marinho-de-peito-branco nascem com peso entre 4 e 6 kg. Os filhotes machos crescem mais rapidamente e têm maior tendência à desmama (suspensão da amamentação) do que as fêmeas. As mães amamentam os filhotes até os 11 meses de idade, pouco antes de dar à luz o próximo filhote. Nos homens, a puberdade é atingida aos 3 a 4 anos de idade, mas a idade adulta completa não é atingida até os 10 e os 11 anos de idade, quando os machos conseguem adquirir o seu primeiro harém. As fêmeas são sexualmente maduras com aproximadamente 5 anos de idade.